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Grávida com covid morre uma hora após filha recém-nascida, em Santa Catarina: "Sem chão", lamenta marido

A catarinense Adelita, 24 anos, teve que passar por uma cesárea de emergência com 32 semanas de gestação após contrair covid-19. Infelizmente, mãe e filha não resistiram e morreram com apenas uma hora de diferença. "Estava confiante que iriam melhorar", lamenta pai

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Adelita tinha 24 anos e morreu 1 horas após a filha recém-nascida (Foto: Arquivo pessoal)

Everton Henório Domingos, 28 anos, que trabalha como conferente de mercadorias em uma empresa de material de construção no pequeno município de Lauro Müller, em Santa Catarina, sofreu duas grandes perdas no último domingo(26): a esposa e a filha recém-nascida. Adelita Alves Nunes, 24 anos, contraiu covid-19, precisou ser internada e passou por uma cesárea de emergência com 32 semanas de gestação.

A bebê, que nasceu prematura, sofreu uma parada cardiorrespiratória e teve que ser entubada, assim como a mãe. No entanto, mãe e filha não resistiram e morreram com apenas uma hora de diferença. "Nunca imaginei, ninguém espera. Eu estava confiante que elas melhorariam. Oramos tanto a Deus. Ao mesmo tempo que estávamos aflitos, achávamos que daria tudo certo. Não tem palavras. É um vazio, a gente fica num buraco", lamentou. Segundo Everton, a esposa não estava vacinada contra a covid. "A vacinação para gestantes na nossa cidade iniciou semana passada, quando ela já estava isolada com covid", lamentou.

Em entrevista à CRESCER, ele relembrou quando a esposa começou a notar os primeiros sintomas, as idas e vindas ao hospital e o nascimento na filha, Ana Clara, que ele não chegou a conhecer. "Não tive coragem", admite.

"Estávamos casados há 2 anos e 2 meses e não estávamos planejando ter um bebê nesse momento, justamente por causa da pandemia. Mas a gente também não se cuidou. Então, pouco antes do Natal, descobrimos que ela estava grávida. Foi uma gestação bem tranquila e Adelita não tinha problemas de saúde. No entanto, há cerca de duas semanas, ela começou com tosse e passou a espirrar muito... Achamos que era apenas a rinite alérgica ou uma gripe, em função do frio, mas ficamos de olho. No dia seguinte, ela já amanheceu com muita tosse, dor no corpo e febril. Então, resolvemos fazer o teste de covid-19 em um laboratório particular. Ela não estava trabalhando, estava em casa e estávamos nos cuidando, mas, em seguida, veio o resultado positivo. Levamos um choque, mas procurei mantê-la tranquila - e achamos que daria tudo certo. 

Passamos no médico, ele receitou um tratamento para fazer em casa e já ficamos isolados. Dois dias depois, eu também comecei a ter sintomas. Mas até então, ela estava tranquila, passou a semana se alimentando bem. A orientação era para que diante de qualquer sintoma fora do comum, como perda de líquido, sangramento ou dor, buscássemos um hospital com urgência. Os dias foram passando, perdemos o olfato e o paladar, mas estava indo tudo bem. Estávamos tomando muito líquido e comendo frutas.

No entanto, na madrugada de segunda-feira da semana passada, ela começou a piorar. Passou a sentir um pouco de falta de ar e cansaço. Dormia muito, não conseguia ficar muito tempo em pé e eu comecei a ficar preocupado. Comecei a medir a saturação e a monitorá-la a todo momento. Ela começou a ter dificuldade para se alimentar em função da dor de garganta, então, fomos para o hospital. De lá, ela foi encaminada para um hospital da cidade vizinha, Orleans, que tem maternidade. Quando chegamos, ela foi examinada e estava tudo bem com o bebê. Foi medicada e a mandaram para casa.

Na quarta-feira (23), ela acordou ainda mais indisposta ainda. A saturação já começou a oscilar, embora ainda estivesse dentro do parâmetro aceitável. E eu, preocupado, monitorando. No final da tarde, ela teve uma crise de tosse, um pico de febre e começou a perder as forças. Corremos para o hospital. Ela foi atendida rapidamente e reagiu um pouco, mas o médico já avisou que buscaria um hospital com maternidade para transferí-la. No mesmo dia, eles conseguiram uma vaga em um hospital no Morro da Fumaça, um município que fica a 50 km daqui. Ela foi transferida por volta da meia noite, já na madrugada de quinta-feira (24). Chegando lá, ela foi para o quarto, foi medicada, começou a se alimentar e, na sexta-feira (25), já acordou melhor. No sábado (26) pela manhã, ela me ligou dizendo que o hospital tinham liberado um acompanhante no quarto e eu poderia ficar com ela.

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