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Higiene do sono e uso da tecnologia podem garantir noites bem dormidas e qualidade de vida

Tratamento correto de doenças e mudança de hábitos são a chave do sono revigorante

(Foto: Victor Chileno)

Dormir bem é vida, disposição e felicidade. Que o diga o aposentado Antônio João Ferreira, de 63 anos. Durante muitos anos, ele acordava no meio da noite, devido a paradas respiratórias, e ficava ansioso sentado na cama. Hoje, ele que tem apneia exibe contente a solução do problema, o aparelho respirador, Cepap, que lhe garante o sono de qualidade.

O exemplo de Antônio João que, apesar de um problema considerado grave, consegue ter boas noites de sono, é a prova de que dormir bem é um ideal que toda pessoa pode alcançar. Segundo o neurologista e especialista em medicina do sono, doutor Marcílio Delmondes Gomes, da Clínica Neurosono, é preciso praticar a chamada higiene do sono. Insônias persistentes devem ser tratadas com a ajuda de um especialista. A automedicação pode agravar o problema.

Antônio João só procurou a clínica após muitos anos de sofrimento. Ele passou várias noites no local para que o sono fosse monitorado. O resultado dos exames apontou que o paciente tem apneia do sono, um distúrbio que acomete homens e mulheres de todas as idades. O sobrepeso de João era um agravante para a doença. Isso porque, em razão da obesidade, a gordura acumulada na garganta reduz o diâmetro da faringe, por onde passa ar respirado. Como você sabe, a pessoa obesa só começa o regime na segunda-feira e aí a gente não consegue. Por isso, eu optei pelo aparelho que salvou meu sono e a minha qualidade de vida, relata experimentando a máscara de plástico, que acoplada ao equipamento, faz pressão constante nas vias aéreas.

Na primeira noite em que dormiu na clínica, ele teve uma parada cardíaca de quase um minuto, o que não deixou dúvidas sobre a severidade da apneia do sono. No caso dele, os médicos não consideraram que uma cirurgia para desobstrução das vias áreas pudesse ter efeitos eficientes e duradouros, logo o uso do aparelho, foi a melhor saída. Minha vida mudou 100%. Eu dormia no carro quando ia buscar meus filhos na escola, relembra. 

Médico de Antônio João, Marcílio Delmondes explica que um paciente com apneia chega a acordar 300 ou 400 vezes por noite e, pior de tudo, sem perceber. No dia seguinte, ele acorda como se não tivesse dormido e não sabe porque, explica. Na clínica, o médico recebe pacientes com dificuldades para dormir por causas variadas. O local tem seis quartos devidamente equipados para monitorar todas as fases do sono do paciente. O maior público é o que apresenta insônia transitória, causada por estresse, problemas emocionais e outros fatores.

Há ainda a insônia crônica que atinge de 10% a 15% da população mundial. Em ambas situações, as causas sempre precisam ser estudadas caso a caso. Normalmente, os médicos recomendam o uso de remédios hipnóticos para melhorar o quadro rapidamente. Porém, é preciso tratamento paralelo para atingir a origem do problema. Um público em potencial da clínica são as mulheres na faixa dos 48 e 55 anos devido às mudanças hormonais típicas do climatério (transição do período reprodutivo para o não produtivo) que provocam dificuldades para dormir. Há ainda pessoas que sofrem de dores, depressão e outros fatores que podem levar à insônia. O médico atenta ainda para o fato de que, alguns pacientes, tomam medicamentos em horários errados. Algumas drogas excitam. Remédios à base de corticoide tiram o sono, alerta.

Ao longo dos anos, segundo o especialista, a população tem reduzido o tempo de sono. Atualmente, a população dorme 25% que no século XX, por exemplo. Hoje, há uma privação crônica de sono, exatamente devido a melhorias.  Antigamente, não havia supermercado ou farmácia 24 horas. O pessoal dormia mais cedo e acordava mais cedo. Somos seres diurnos e não noturnos. Isso já é do nosso relógio biológico, comenta.

Conforme o médico, o tempo normal de sono é de 4 a 10 horas. Neste requisito, as pessoas se dividem em dois grupos. Há o curto-dormidor que se satisfaz com 4 horas de sono e o longo-dormidor que precisa das 10 horas de sono. Em média, a população dorme entre 7 e 8 horas. Dormir bem é importante para preservar a saúde e o intelecto. O sono tem duas funções básicas, a reparação e conservação de energia e a consolidação da memória. É durante o sono que gravamos as cenas que vivemos durante o dia, informa.

Para dormir bem,  o primeiro passo, é praticar a higiene do sono. Você precisa afastar todo e qualquer fator que possa induzir ou perpetuar a insônia. Isso tudo está muito relacionado aos hábitos de vida diária. O quarto é para dormir. Não é para ter televisão, livro, revista, jornal ou telefone. Quanto menos enfeitado melhor. O local deve ter escuro total, temperatura agradável e o indivíduo deve dormir de roupa leve. Também é recomendável evitar tomar banho ou jantar antes de deitar.

Com relação ao banho antes de deitar, adotado por muitas pessoas como forma de relaxar, o médico explica que pode ajudar no início do sono, mas atrapalhar na manutenção, para o caso de pessoas que tenham dificuldades em permanecer dormindo até o amanhecer. Quem tem problemas de insônia precisa adotar cuidados mais específicos, como por exemplo, evitar atividade física à tarde e à noite. De modo geral, o ideal é se exercitar pela manhã. Quem tem dificuldades para dormir também deve evitar cafeína após às 14 horas.

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