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Love: filme com sexo explícito em 3D tem público baixo e assusta pelo tamanho

Diretor Gaspar Noé prometia polêmicas em um filme de “amor com sexo”

Love estreou no Brasil em 10 de setembro sob muitas expectativas. Com cenas de sexo explícito em 3D, close de ejaculação na direção da plateia e a direção de um cineasta polêmico, o filme foi barrado em algumas salas do País. Passada agora a primeira semana de exibições, o longa amarga um público baixo e queda no número de sessões.

Love é dirigido pelo franco-argentino Gaspar Noé, o cineasta que polemizou durante o festival de Cannes de 2002 com Irreversível: o filme tem uma cena de estupro sem cortes, que dura aproximadamente nove minutos, além de detalhes cruéis de um assassinato.

Love não é pesado, mas também pode causar desconforto. Na França, a Justiça alterou a faixa etária de exibição de 16 para 18 anos, levando o diretor à ira.

“Um anacronismo dos reacionários [que se assemelha] ao do Estado Islâmico”, disse Noé ao jornal francês Libération.

Para ele, seu filme “não é pornografia”, mas “uma história de amor entre dois jovens”.

Love conta a história de Murphy (Karl Glusman), um jovem americano que estuda cinema na França e que vive frustrado ao lado do filho e da mulher. Na manhã de 1º de janeiro, ele recebe um telefonema da mãe de sua ex-namorada, Electra (Aomi Muyock), que está desaparecida há dois meses. A ligação desencadeia lembranças sobre sua vida anterior à família, fazendo do filme um longo flashback sobre os dois.

Mas a história de “amor com sexo” não emplacou por aqui.

A expectativa da distribuidora Imovision era estrear a película em 300 salas no dia 6 de setembro, o Dia do Sexo. Classificado para maiores de 18 anos, a película só estreou em 10 de setembro em 49 salas. “Com a desistência ou não participação das grandes redes de exibidores, já esperávamos um número menor”, informa a distribuidora, por meio de sua assessoria de imprensa.

Considerando a primeira semana e a pré-estreia, foram 18.621 espectadores no Brasil. Para a segunda semana, iniciada em 17 de setembro, a exibição foi reduzida para 32 salas.

Em São Paulo, sete salas exibem o filme, a maioria com uma sessão ao dia, sobretudo após as 21h. Três cinemas exibem Love à tarde: o Espaço Itaú Augusta, o Playarte Bristol e o Reserva Cultural, todas na região da avenida Paulista.

O Grupo Playarte, que também exibe o filme no Splendor Paulista, afirma que o público foi abaixo do esperado na primeira semana: 332 espectadores no Bristol e 95 no Splendor. Com isso, o grupo resolveu cortar uma de suas sessões no Splendor.

Longo sexo à tarde

A reportagem assistiu ao filme na tarde da última quinta-feira (17) no Reserva Cultural, em sessão com 27 pessoas (11 mulheres e 16 homens). Ao menos duas pessoas deixaram a sessão antes do fim, mas não por causa do sexo. O problema é o tamanho do filme. De acordo com um funcionário do cinema, é comum espectadores deixarem as sessões de Love com a mesma justificativa: seus 134 minutos.

Por outro lado, Thiago Luan, de 21 anos, e Sara Oliveira, de 19 anos, saíram animados da sessão.

“Achei o filme maravilhoso. É um filme de amor. Ela até chorou no final”, diz Thiago.

— Não achei pornográfico. Não entendi porque alguns cinemas resolveram não passar. Ele mostra o que todo mundo faz.

Para Sara, o destaque é a “fotografia linda”. 

Love é recheado de autorreferências de Gaspar Noé: Murphy é um cineasta que adora o filme 2001 — Uma Odisseia no Espaço (assim como o diretor). Não bastasse, o filho de Murphy se chama “Gaspar” e o ex-namorado de Electra se chama “Noé”. Ao lado da amada Electra, Murphy/Gaspar revela seu sonho.

— Quero fazer um filme com sangue, esperma e lágrimas. Essa é a essência da vida.  

E é o filme do começo ao fim.

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