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Manual de jornalista do Cimi ensinava fabricar bombas, gás lacrimogênio e armas para invasões

O presidente nacional do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), Dom Roque Paloschi, afirmou na tarde desta quarta-feira (13) que a instituição se envergonha da ação de alguns membros de Mato Grosso do Sul que foram flagrados envolvidos em situações de incitação a invasões de propriedades particulares no Estado.

Durante depoimento na CPI do Cimi, ele foi questionado sobre o conteúdo de um notebook do jornalista Rui Sposatti, que foi confiscado pela Polícia Federal em 2013 durante a reintegração de posse na fazenda Buriti.

No computador, foi encontrado um arquivo cujo conteúdo ensinava confeccionar armas artesanais, minas terrestres, gás lacrimogêneo com produtos de limpeza, além de como realizar fraudes bancárias.

Também foi apreendido com o jornalista do Cimi um gravador com o áudio de uma reunião entre indígenas e integrantes do conselho, onde os índios eram parabenizados e incentivados a continuar resistindo no território invadido.

“Essa ação não nos alegra, nos envergonha, mas infelizmente não temos controle do que as pessoas que trabalham conosco carregam em seus laptops, tablets e celulares”, afirmou Dom Roque.

O presidente do Cimi foi evasivo ao ser questionado sobre o livro ata encontrado em 2009 na fazenda Boa Esperança, em Sidrolândia, cujo conteúdo sugere que os índios da região estavam de posse de armamento pesado. O documento também aponta a participação de dois membros do Cimi em reuniões onde a invasão de fazendas era estimulada: Flávio Machado, coordenador regional do conselho, e “Doutor Rogério”, que induz ao nome do advogado Rogério Batalha.

Desculpas públicas

O religioso, que é arcebispo de Rondônia, se desculpou com a presidente da comissão, deputada Mara Caseiro (PSDB), por ter dito que a CPI é de “cartas marcadas”, “comissão de despistamento dos fatos” e ter afirmado que ela estava usando os trabalhos do colegiado como trampolim para ser candidata a prefeita de Campo Grande.

As declarações do religioso foram proferidas durante culto ecumênico ocorrido no plenário da Assembleia Legislativa em outubro de 2015. Na ocasião, foram feitos vários discursos de apoio às invasões de terras em Mato Grosso do Sul, incluindo a fala de Dom Roque.

“Pedimos perdão se ofendemos”, resumiu.

Mara Caseiro questionou se o religioso acha correto sair de Roraima para proferir aqui palavras de ódio em um Estado que já enfrenta sérios problemas de conflitos agrários. Ele também foi interpelado sobre as declarações de várias lideranças proferidas durante o mesmo culto ecumênico, quando foi lançada campanha irresponsável contra o agronegócio de Mato Grosso do Sul.

O slogan incentivava o boicote à carne e à soja do Estado, que segundo os indigenistas, contém “sangue de crianças indígenas”. Dom Roque preferiu não comentar o assunto.

Financiamento internacional

Mara Caseiro também questionou Dom Roque sobre o financiamento das ações do Cimi por organismos internacionais. Em muitos desses casos, o “carimbo” do projeto se trata de “recuperação de território” ou “apoio às retomadas”.

Um dos contratos citados tem valor estimado em 70 mil dólares e o recurso foi enviado pela Cristian AID. Ao todo, de 2000 a 2003, o Cimi recebeu 451 mil dólares em financiamentos internacionais.

Dom Roque prometeu encaminhar documentos de prestação de contas do Cimi nos últimos cinco anos, os projetos desenvolvidos em Mato Grosso do Sul e o papel desenvolvido por cada membro.

Da Assessoria da CPI do Cimi

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