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Médico é espancado após defender medidas restritivas para combater a pandemia

Médico infectologista é espancado com socos e chutes após alertar pessoas sobre agravamento da pandemia de Covid-19 no Paraná e defender medidas restritivas: "Pessoas assim ajudaram a situação chegar onde está".

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Divulgação

O médico infectologista Jose Eduardo Panini foi espancado com socos e pontapés após alertar pessoas conhecidas sobre a gravidade da pandemia da Covid-19 e comunicá-las a respeito das medidas restritivas que seriam adotadas no Paraná. As agressões ocorreram na cidade de Toledo (PR) na última sexta-feira (26).

Em uma publicação no Instagram, o infectologista deu detalhes sobre a agressão. Na postagem, o médico afirmou que, antes de ser agredido, havia saído de uma reunião que durou horas “para determinar o que seria ou não fechado, baseado num Decreto do Estado do Paraná”.

“Ao alertar sobre os riscos a pessoas conhecidas, a resposta que me foi dada foram chutes e socos, enquanto um me segurava o outro me agredia. Enfim, pessoas assim que ajudaram a situação chegar onde está!”, disse o infectologista.

O decreto, que entrou em vigor no sábado (27), prevê o fechamento de todas as atividades não essenciais e a proibição de circulação de pessoas entre 20h e 5h. As normas seguem até o dia 8 de março no estado do Paraná.

Mesmo com o olho roxo e a boca inchada, o médico disse que ainda mantém as esperanças nos profissionais da Saúde e na vacina para que o país possa superar a pandemia.

A agressão repercutiu imediatamente entre a classe médica. “A que ponto chegamos? Pessoas agredindo aqueles que estão, literalmente, dando a vida ao próximo. Agora os profissionais da saúde são os culpados pela irresponsabilidade alheia?”, questionou um médico.

“Só servimos para salvar vidas quando a vida deles ou a de um deles está em jogo. Do contrário, somos monstros”, publicou outro.

Conselho de Medicina

Jose Panini é formado pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) e infectologista com residência médica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP. Também é especialista em infectologia pela Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) e foi professor do curso de medicina da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no campus de Toledo.

O Conselho Municipal de Saúde de Toledo condenou, em nota, o ataque ao médico e cobrou que os autores sejam identificados e punidos.

“Salientamos que o Conselho repudia qualquer ato de violência e em se tratando do atual momento da pandemia, a qual (sic) servidores atuam incansavelmente para salvar vidas aqui em Toledo, assim como no mundo todo, atos desse tipo apontam total desrespeito com o próximo e só traz prejuízos a todos os que estão na luta para que isto um dia vire apenas história”, afirmou.

Em nota, o Centro Acadêmico de Medicina de Toledo também repudiou a agressão contra o infectologista e afirmou que a comunidade acadêmica estava indignada com a situação.

“Defendemos que pandemia seja enfrentada com seriedade e com base em dados científicos. Somos contra todo ato de violência, desrespeito, intolerância e negacionismo. Nós, acadêmicos, desejamos força e uma boa recuperação ao Dr. José Eduardo, e que essa atitude criminosa seja devidamente punida. Nossa gratidão pelo profissional exemplo que é para nós alunos”, disse a nota.

O Pragmatismo entrou em contato com o médico para obter novas informações sobre o caso, mas até a publicação deste texto não obteve resposta.

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