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Para amigos, morte de famoso em rolezinhos foi provocada por ciúmes

Polícia investiga morte de Lucas Oliveira, que tinha 56 mil seguidores. Jovens negam que morte tenha relação com encontros em shopping.

(Foto: Paulo Toledo Piza/G1)

Amigos do estudante Lucas Oliveira Silva de Lima, de 18 anos, afirmam que a morte dele, no sábado (5), foi causada por ciúmes. Eles acrescentam que não acreditam que o caso tenha ligação com sua participação em rolezinhos em shoppings de São Paulo. A Polícia Civil suspeita que o jovem tenha sido assassinado em uma festa.

Segundo amigos ouvidos pelo G1, Lucas flertou com uma garota durante um baile e, por causa disso, foi agredido. Lucas era seguido por 56 mil pessoas no Facebook e contou que frequentava os rolezinhos desde o fim de 2013 para se divertir, cantar funk e conhecer pessoas.

Segundo boletim registrado no 24° Distrito Policial (Ponte Rasa), testemunhas dizem que o adolescente foi agredido com uma pancada na cabeça. Amigos dizem que a agressão ocorreu depois que Lucas, que não tinha namorada, paquerou uma garota, provocando ciúmes em um rapaz estava próximo a ela.

A gente não tem certeza de nada. Tem só boatos, mas o que passaram para a gente lá no velório dele é que ele foi para o fluxo (festa) e, chegando lá, encontrou uma garota que ele foi paquerar, afirmou um amigo que não quis se identificar. A garota estaria com outro jovem. Só que esse rapaz não era nada dela, mas se doeu. O moleque deu uma voadora na cara dele e ele caiu. Disseram que o menino é lutador de muai-tai. Disseram que, quando ele caiu no chão, veio um monte de moleque e começaram a chutar ele, acrescentou.

A menina alvo da disputa seria moradora em Arthur Alvim, na Zona Leste. O rapaz suspeito de agressão teria fugido para a casa de parentes em Porto Alegre.

Segundo esse mesmo amigo, que diz ter conversado com Lucas na sexta-feira (4), o rapaz estava afastado dos rolezinhos. Ele marcou aquilo aquela vez e parece que deu uma dor de cabeça para ele terrível. Ele chegou a comentar comigo que a polícia disse para ele que ele ia ter de pagar multa. Ele falou que nunca mais ia se envolver nessas coisas.

O funkeiro MC Chaveirinho afirma que a morte de Lucas não tem nada a ver com sua participação em eventos. Está tendo uma abordagem errada. Pelo que estou sabendo do que conversei com os familiares, aconteceu uma briga e ele caiu no chão de cabeça. Não tem nada a ver que espancaram ele um monte de gente também não, afirmou.

InvestigaçãoO delegado José Manoel Lopes, 64° Distrito Policial (Cidade A. E. Carvalho), disse que vai apurar se o adolescente foi assassinado. De acordo com a Polícia Civil, a causa da morte foi traumatismo craniano provocado por um objeto contundente.

Os familiares relataram à polícia que o jovem saiu de casa na sexta-feira (4) dizendo que iria a uma festa e depois dormiria na casa de um irmão. No sábado, por volta das 18h30, o pai do garoto, Luiz Carlos Lima, voltou do trabalho e foi informado sobre a agressão por um conhecido.

No boletim de ocorrência, o pai disse que a família decidiu então buscar informações sobre o filho nos hospitais da região. Funcionários do Hospital Alípio Corrêa Netto contaram aos parentes que o garoto já chegou morto ao centro médico.

Por volta das 15h, investigadores seguiram até o hospital para saber quem prestou socorro ao jovem. O pai de Lucas Lima prestou depoimento nesta tarde. Quero que a Justiça seja feita, mas revolta não tenho, é um sentimento muito grande, disse o pai do jovem. Neste momento eu não tenho palavras [para expressar o que sinto]. Graças a Deus sou uma pessoa forte para estar confortando todos à minha volta, disse.

Famoso no FacebookSeguido por 56 mil pessoas no Facebook,Lucas deu entrevista e gravou um vídeo para o G1 (veja acima) publicado no dia 15 de janeiro. O estudante contou que frequentava os rolezinhos desde o fim de 2013 para se divertir, cantar funk e conhecer pessoas. Mas, com o tumulto ocorrido no começo do ano no Shopping Metrô Itaquera, ele decidiu se afastar desses encontros. Não quero cair em cadeia por causa disso, afirmou na época.

Na ocasião, Lucas foi um dos jovens abordados pela Polícia Militar. Apontado como um dos organizadores, o estudante foi intimado por um oficial de Justiça, mas negou ter sido o organizador do evento.

Ele (oficial de Justiça) me disse que, caso acontecesse baderna em um outro rolê, eu teria que pagar R$ 10 mil. Não tenho como pagar tudo isso, afirmou. Por não ter o dinheiro, o jovem temia ser detido se recebesse a multa.

Morador de Itaquera, Lucas vivia com a família em uma casa simples localizada em uma viela a poucas quadras do shopping da Zona Leste. O centro de compras era um dos lugares mais frequentados por ele. Era lá que o adolescente gastava o dinheiro (acumulado em bicos como auxiliar de pedreiro e estoquista, entre outros) com roupas de marca. Vaidoso, ele gostava de usar roupas da Oakley, Adidas e Polo Ralph Lauren.

Início dos rolezinhosOs encontros começaram como pancadões, contou Lucas ao G1. Jovens marcavam de se reunir em ruas perto de escolas do bairro para cantar e ouvir funk. Com o interesse e o consequente aumento do número de participantes, eles decidiram se encontrar em shoppings. A gente queria marcar no estacionamento, porque cabe mais gente.

O estudante lembrava com carinho dos primeiros rolezinhos. A gente conhecia muitas pessoas, fazia amizades. E ficava com as meninas. Em cada um, eu fiquei com umas seis, sete, contou.

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