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Prova de amor, diz marido de mulher que morreu após se casar em hospital

Fernanda morreu sem saber de câncer: para não se entregar muito rápido.História comoveu moradores e funcionários de hospital em Salto (SP).

(Foto: Marcelo Motozono / Studio Guardare)
(Foto: Marcelo Motozono / Studio Guardare)

“Pra você guardei o amor que sempre quis mostrar. O amor que vive em mim vem visitar, sorrir, vem colorir solar. Vem esquentar e permitir”. A letra da música Pra Você Guardei O Amor, de Nando Reis, cabe muito bem para ser a trilha sonora da história de amor que emocionou a cidade de Salto, no interior de São Paulo. O casamento de Fernanda Mazzeto e Willian Nague foi o primeiro a ser realizado no hospital da cidade, após a mulher de 46 anos ser diagnosticada com câncer. E foi essa canção que o marido escolheu para publicar em uma rede social, para homenagear Fernanda.

Em entrevista ao G1, Nague conta que o casamento na pequena capela foi uma das maiores declarações de amor que a esposa já deu. “Nesse tempo que a gente esteve junto, com certeza essa foi a maior prova de amor que ela pôode me dar em vida”, diz emocionado.

Fernanda foi internada em 16 de novembro no Hospital São Camilo, quando foi diagnosticada com carcinoma epidermóide, um tipo de câncer. Desde então, ela ficou na ala semintensiva do hospital até o último dia de sua vida, quase um mês depois, em 14 de dezembro. Dez dias antes de morrer, ela realizou o sonho de se casar com o companheiro e oficializar uma união que já durava quase 25 anos.

RomanceA história de amor do casal começou ainda na juventude quando os dois jovens de Salto se conheceram perto de um clube da cidade, ele com 19 anos e ela com 21.

Entre uma conversa e outra, eles namoraram por nove anos até irem morar juntos. “O tempo foi passando e acabaram surgindo outras prioridades. O sonho do casamento acabou ficando para trás e, quando fomos perceber, já era tarde. Eu acho que no fundo ela sempre teve vontade de casar na igreja”, conta o marido.

De acordo com ele, o assunto casar na igreja vinha sendo conversado entre o casal nos últimos anos. “Falamos bastante disso depois que vimos o irmão dela casando na igreja. Era um sonho oculto”, diz ao demonstrar ser muito apegado a religião católica.

Durante o período em que esteve internada, o sonho acabou sendo realizado pelo capelão do hospital. Ele perguntou qual era o sonho dela. Quando entrei no quarto, ele me disse que eu iria me casar no dia seguinte. Aconteceu tudo muito rápido, foi uma surpresa, diz..

A cerimônia foi feita de um dia para o outro e mobilizou os funcionários do hospital para o primeiro casamento a ser realizado no local, além de envolver ainda os moradores da cidade. Até o fotógrafo e maquiadora foram chamados apenas 30 minutos antes.

EmoçãoA cerimônia lotou a pequena capela. Pelas imagens é possível ver a emoção no rosto dos participantes. “Parou o hospital e todo mundo chorou. Era um choro de alegria pelo casamento e também da dor da despedida. Foi de arrepiar”, lembra o fotógrafo Marcelo Motozono.

Registros feitos rapidamente pelo fotógrafo, mas que ficarão eternamente gravados na memória e no coração de Willian. Nas fotos fica nítida a minha emoção. Eu só chorava. Acho que foi o sonho mais bonito que uma pessoa poderia ter em vida. É um amor sincero, que rompe uma barreira tão grande de não deixar o sonho morrer.”

AnjoFernanda morreu dez dias depois por conta de complicações em seu quadro clínico e acabou não vendo as fotos do próprio casamento. Gostava de mais dessa menina [Fernanda] e tinha esperança que ela se curasse. Só caiu a minha ficha quando o médico da UTI me chamou e falou que ela precisaria ser entubada.

A atendente de fármacia acabou morrendo sem conhecer realmente o próprio diagnóstico. “Ela não sabia que tinha câncer; achava que era uma pneumonia. Até os médicos falaram para não dar a notícia porque senão ela poderia se entregar muito rápido. Ela lutou bastante e fez de tudo o que pode”, relembra o marido.

Fernanda era muito conhecida  e se dedicava a ajudar pessoas carentes. Amante de animais, ela também recolhia gatos e cachorros abandonados na rua, ajudando com veterinário e encaminhado para doação. “Era uma pessoa que não cabia dentro do coração de tão bonita que era. Fernanda só merecia o paraíso porque aqui na terra ela foi um anjo.”

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