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Refrigerante e doce provocam epidemia de diabetes em índios de MT

Reportagem mostra que indígenas alteraram a alimentação e sofrem as consequências

(Foto: Marlene Bergamo/Folhapress)
Indígenas que vivem nas aldeias xavantes Sangradouro e São Marcos, no município de General Carneiro e Barra do Garças (a 452 km e 508 km da Capital), respectivamente, estão sucumbindo diante de uma doença silenciosa: o diabetes. Isso é o que mostra uma reportagem publicada pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira (10). De acordo com a matéria, assinada pelo repórter Lucas Reis, a epidemia é resultado da alteração drástica na alimentação dos índios, que abandonaram comidas tradicionais, como batata-doce, abóbora e mandioca, por pão de forma, bolos de caixinha e muito refrigerante. 

Um estudo realizado pelo endocrinologista João Paulo Botelho Vieira Filho, professor adjunto da Escola Paulista de Medicina, aponta que nas duas aldeias a prevalência de diabetes é de 28,2%. Na população em geral, o índice é de 7%. Por conta do diabetes, a indígena Rosalia Ro’odzano, de 52 anos, teve que amputar a perna. “Eu desmaiava, tinha crises, dores. Comia mesmo muito doce, refrigerante”, disse ela à reportagem. Conforme o endocrinologista, essa mudança nutricional foi motivada tanto pelo “Projeto Arroz”, da Fundação Nacional do Índio (Funai) - criado para reverter o escassez dos alimentos - quanto pelas ações do Governo Federal, como a aposentadoria e o Bolsa Família. “Após o projeto, os índios foram abandonando as roças. E abandonaram o seu cardápio tradicional, que incluía gafanhotos assados, formigas e larvas, ricos em proteínas”, contou o endocrinologista. Para Vieira Filho, a única solução para os xavantes é voltar à alimentação tradicional e adquirir novos hábitos, como cortar radicalmente os refrigerantes. 

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