Publicado em 13/06/2018 às 08:05, Atualizado em 13/06/2018 às 12:06

Durante julgamento, mãe de jovem que morreu atropelado chama júri de circo e é presa por desacato

Acusado vai responder pelo crime em liberdade

Midiamax,
Cb image default
Midiamax

Depois de protestar durante audiência de julgamento do responsável pela morte do filho, a mãe do motociclista Lucas Silveira Leite Ortiz, de 19 anos, teve prisão decretada por desacato. No momento em que o advogado do acusado pelo crime defendia estratégia de defesa, a mãe da vítima se exaltou e se referiu ao júri como “palhaçada” e “circo”. Lucas foi morto depois de ser atropelado e arrastado por mais de 30 metros por um carro conduzido por Ricardo André Rodrigues, de 28 anos, na noite do dia 16 de julho de 2014, em Campo Grande.

“Não aguento mais ficar aqui ouvindo mentiras. Isso é uma palhaçada, um circo”, teria dito. Diante do protesto, o juiz responsável pelo caso, Carlos Alberto Garcete, pediu para que a mãe se acalmasse. No entanto, irritada, a mulher continuou a gritar na direção do juiz e chegou a acusar familiares de Ricardo de ligação com o tráfico de drogas. Ela recebeu voz de prisão por desacato e foi retirada do plenário do Tribunal do Júri por dois policiais militares e um segurança.

Depois da confusão a mãe de Lucas foi levada até uma sala do Fórum onde passou mal. Informações dão conta de que ela teria tido uma crise pois faz uso de medicamentos controlados. A mulher foi socorrida por equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e encaminhada para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Jardim Leblon. De lá, ela será conduzida para uma Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário).

O julgamento

Os jurados desclassificaram o crime de homicídio doloso, quando existe a intenção de matar, e condenaram Ricardo por homicídio culposo na direção de veículo, quando não há intenção de matar. A pena estabelecida foi de 2 anos de prisão em regime aberto convertido em prestação de serviços à comunidade.

O acusado teve o direito de dirigir suspenso e deverá pagar R$ 9.540 ou 10 salários mínimos de multa.

O caso

Ricardo André Rodrigues, de 28 anos, acusado de matar atropelado e arrastar por mais de 30 metros o motociclista Lucas Silveira Leite Ortiz, 19, será julgado na manhã desta terça-feira (11) em Campo Grande. O atropelamento aconteceu na noite do dia 16 de julho de 2014 na Rua Catiguá, Bairro Canguru na Capital.

De acordo com a denúncia, Ricardo voltava da casa de sua sogra, em seu automóvel, um Chevrolet Astra, acompanhado de sua esposa e filho, quando, em certo momento, atravessou um cruzamento, com o sinal fechado e quase colidiu com a moto pilotada por Lucas.

Após ambos frearam seus veículos e se aproximaram, iniciou-se uma discussão. Ainda segundo a denúncia, sem descer da moto, Lucas deu um chute na porta traseira do lado esquerdo do carro de Ricardo e saiu. Com isso, Ricardo então começou a perseguí-lo.

Ricardo acelerou o carro, atropelou a vítima e o arrastou pela Rua Catiguá em alta velocidade. Posteriormente, Ricardo fugiu e não prestou auxílio ao jovem, que morreu no local. Porém, o parachoque do Astra caiu e ficou no local do acidente.

“Eu vi ele a uns 100 km/h lá na Guaicurus”, disse um ciclista de 24 anos que preferiu não se identificar. “Depois eu vim cortando caminho, e como é descida e eu estou a acostumado a andar de bicicleta, eu vi ele (Astra), aqui (Rua Catiguá), quando ele viu o motociclista aí que ele correu mesmo, acho que ele pegou uns 160 km/h, atropelou e foi arrastando sem parar”, disse uma testemunha na época. Ricardo será julgado por homicídio qualificado por motivo fútil na 1ª Vara do Tribunal do Júri.