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Filhos da deputada Flordelis são transferidos para Bangu e se recusam a prestar depoimento

Por questões de segurança, a Seap não divulgou em quais unidades eles estão. De acordo com a polícia, Flordelis usava de ameaças e chantagem com os filhos para conseguir o que queria.

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Divulgação

Os cinco filhos e uma neta da deputada federal Flordelis (PSD) que foram presos na operação Lucas 12 da Polícia Civil e do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) já estão em unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Gericinó, na Zona Oeste do Rio. Eles, que são acusados de envolvimento na morte do pastor Anderson do Carmo, se negaram a prestar depoimento.

Eles passaram pela triagem no presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, onde deram entrada na noite de segunda-feira (24).

Por questões de segurança, a Secretaria de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro (Seap) não divulgou em quais unidades estão Marzy Teixeira da Silva, Simone dos Santos Rodrigues, André Luiz de Oliveira, Carlos Ubiraci Francisco Silva, Adriano dos Santos e Rayane dos Santos Oliveira.

Os filhos e a neta de Flordelis se negram a prestar depoimento. A filha Simone precisou de atendimento médico. Outros pediram calmantes.

A pastora e deputada federal Flordelis, acusada de ser a mandante do crime, está solta por ter imunidade parlamentar. De acordo com a polícia, além de planejar a morte do marido, ela usava de ameaças e chantagem com os filhos para conseguir o que queria.

Ela aguarda a abertura de processo administrativo na Câmara dos Deputados.

Após o assassinato do pastor Anderson do Carmo, Flordelis passou a prometer vantagens financeiras para manipular os filhos e tentar evitar que fosse envolvida no crime. Os investigadores descobriram as manobras da deputada a partir de depoimentos prestados à polícia.

Com o filho Alexander Felipe, conhecido como Luan, por exemplo, Flordelis prometeu a ele viagem aos Estados Unidos desde que ele desistisse de depor contra ela.

Em depoimento uma semana após o assassinato do pastor, ele disse que a deputada disse que estava sem dinheiro, mas que arrumaria um cartão para comprar as passagens dele, da mulher e do filho. Luan contou que a mãe nunca quis que ele saísse do país, mas depois do crime manifestou o desejo de que ele viajasse o mais rápido possível para que não prestasse depoimento à polícia.

Já com Lucas Cezar dos Santos, que está preso, a deputada federal prometeu regalias na cadeia, caso ele assumisse ter assassinado o pastor Anderson do Carmo por vontade própria. Sem mandantes. Ele é filho do casal e está preso acusado de comprar a arma usada no crime.

A deputada chegou a apresentar uma carta à polícia que, segundo ela teria sido escrita por Lucas assumindo a autoria do crime. Mas ele contou aos investigadores que apenas copiou o texto escrito pela mãe para confessar a morte do pastor e envolver outros dois irmãos, que eram contra a deputada.

A carta chegou ao presídio onde Lucas estava preso pelas mãos de Andreia Santos Maia, que também foi presa na operação. De acordo com a polícia, ela sabia que a carta era falsa e seria usada no inquérito policial. Para fazer o favor, ela recebeu R$ 2 mil. Ela repassou a carta ao marido, o ex-PM Marcos Siqueira, que dividia a cela com Lucas na mesma unidade.

Plano começou em 2018

De acordo com os investigadores, o plano para matar Anderson do Carmo começou em 2018 por Flordelis discordar da forma como ele conduzia a administração da casa. Entre maio de 2018 e junho de 2019 ocorreram pelo menos seis tentativas de matar o pastor. Todas elas teriam sido planejadas pela deputada.

Em uma delas, Flordelis pagou um matador de aluguel como contou uma pessoa ligada à família.

“A gente estava na igreja e tinha um rapaz lá fora que era a mando de Rayane e ele estava falando que ia matar a Rayane se não desse R$ 2 mil para ele naquela noite. A Flor [Flordelis] arranjou os R$ 2 mil e deu para ele. E ele falou: eu mato ele essa noite. E ficou do lado de fora esperando. Por cargas d’água, a Flor saiu mais cedo, levou um monte de crianças e o pastor saiu depois. Só que o pastor não saiu com o carro dele. Ele foi com outro carro, do filho dele”, disse a testemunha.

Houve também tentativas de envenenamento da comida e bebida de Anderson. A parte da família aliada a Flordelis não poupou esforços para despistas os investigadores: fogueira no quintal e sumiço de celulares.

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