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Passageira de Campo Grande processa Uber por acidente que foi parar em canal do Youtube

Motorista também foi processada e empresa contesta versão da vítima

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 Reprodução/Youtube

Uma atendente de farmácia move ação judicial contra a Uber e uma motorista após ser vítima de acidente de trânsito ocorrido em Campo Grande, no ano passado, durante transporte por aplicativo. Ela alega que o valor do seguro não foi o bastante para cobrir as despesas médicas e que, além do sofrimento causado pelas lesões, ainda foi constrangida com um vídeo publicado na internet pela motorista. Por isso, pede indenização no valor de R$ 12,8 mil por danos morais e para cobrir as despesas de várias sessões de fisioterapia.

O acidente ocorreu dia 30 de junho de 2020. Gabrielle de Lima Montes, moradora no Zé Pereira, conta que naquele dia saiu de casa para ir trabalhar e pediu transporte pelo aplicativo. Ela embarcou em um automóvel Onix conduzido por Priscila Alves Pereira e seguiu. No entanto, ao longo do percurso até a farmácia, houve colisão com uma caçamba posicionada na Avenida Engenheiro Américo Carvalho Baís. Com o impacto, Gabrielle perdeu a consciência e foi retirada de dentro do veículo com a ajuda de terceiros.

A motorista, que não teve ferimentos, acionou o Corpo de Bombeiros que socorreu a vítima e a encaminhou a uma unidade de saúde. Gabrielle sofreu hematoma na mandíbula e queixo do lado direito do rosto, fraturou a costela esquerda, o joelho esquerdo e o tornozelo esquerdo, bem como reclamava de dores na coluna. Por este motivo, precisou se afastar do trabalho por 10 dias e se viu obrigada a fazer sessões de fisioterapia. “Tive que ficar um bom tempo parada [...] e como era comissionada, isso afetou meus ganhos”, disse Gabrielle.

A atendente afirma ainda que a motorista não se dispôs a ajudá-la e como se não bastasse, um dia depois do acidente publicou no Youtube um vídeo relatando o ocorrido e os prejuízos com o título: O dia que me lasquei. [confira o vídeo abaixo]

A vítima disse que a publicação feita por Priscila foi inapropriada e teve tom de deboche, ignorando todas as consequências que o acidente lhe trouxe. “Fiquei bem chateada, porque ela falou de forma cômica, como se nada tivesse acontecido”, pontuou. O detalhe é que a motorista não tinha seguro do veículo, embora a Uber tivesse.

O advogado Caio Molina Ambrizzi, que defende Gabrielle, disse que a empresa de transporte por aplicativo, ao ser acionada, condicionou auxiliar a passageira por meio de um contrato de adesão, cujo os valores para cobertura do seguro seriam liberados apenas se a vítima abrisse mão de acionar a Justiça. Nesse sentido, entende que nenhuma das partes fizeram esforço para resolver o problema extrajudicialmente e ainda pontua que, diante da condição financeira, a passageira acabou aceitando os termos para receber o seguro.

Porém, o valor não foi suficiente para cobrir todos os custos. “Ela teve que fazer alguns exames e os custos iniciais foram cobertos, mas a extensão total do dano não foi coberta pelo seguro”, ressaltou o advogado. “Só de fisioterapia foram R$ 2.800”, destacou a vítima. Por todo este cenário, envolvendo as lesões, a publicação do vídeo e os custos médicos, a defesa pede indenização de R$ 10 mil por danos morais e R$ 2,8 mil para o pagamento da fisioterapia. “Foram várias sessões por causa do tornozelo”, lembrou Gabrielle.

O que diz a motorista

Procurada pela reportagem do Midiamax, a motorista Priscila disse lamentar até hoje o ocorrido e que procurou a vítima para tentar ajudá-la. Além disso, lembra que também teve muitos transtornos, especialmente danos materiais com o carro. Especificamente sobre o vídeo, afirma que postou porque tinha com o seu canal, chamado de “Uma Motorista”, o objetivo de mostrar a rotina da profissão. “Quando digo que me ferrei no vídeo, me refiro ao fato de que não tinha seguro e o carro realmente ficou muito caro para arrumar”, alega.

“[...] também tive muita dor de cabeça com a situação. Levei calote de um funileiro e perdi R$ 4 mil. Também tenho uma ação contra o funileiro dessa época”, continua. A respeito da assistência à vítima, ela garante que fez o que estava a seu alcance tanto no momento do acidente, quanto depois, quando a vítima fez um comentário no vídeo expondo sua insatisfação com a postagem. Assim, nega qualquer omissão. “Eu prestei assistência pra ela e deixei meu telefone nos comentários, porém, ela nunca entrou em contato comigo".

Além disso, Priscila lembra que estava com o cinto de segurança e que a vítima não - embora a checagem do uso de cinto seja obrigatória por parte do condutor. Mesmo assim, apesar de contestar as alegações apresentadas pela passageira, reforça que lamenta muito pelo ocorrido. “Eu realmente sinto muito pelo o que aconteceu. Foi um acidente que causou transtornos para ela e para mim, que também fiquei sem carro. Ainda não fui citada pela Justiça, mas quando isso acontecer, vou prestar os esclarecimentos”, concluiu.

Nota da Uber

A Uber lamenta o acidente que feriu a usuária. Segurança é uma prioridade para a Uber e a empresa sempre reforça a todos os usuários, entregadores e motoristas parceiros do aplicativo que o Código de Trânsito Brasileiro deve ser respeitado para segurança de todos.

Todas as viagens na plataforma são cobertas por um seguro para acidentes pessoais, que cobre despesas médicas hospitalares e odontológicas em até R$15.000,00. Esse seguro, mantido em parceria com a Chubb, está disponível tanto para usuários como para motoristas parceiros, em caso de incidentes, sem nenhum ônus para as partes.

No caso específico, a partir do momento em que a Uber tomou conhecimento do ocorrido e notificou o incidente, as tratativas passaram a ser feitas diretamente com a seguradora. A usuária acidentada recebeu os valores referentes às despesas médicas que tinham sido apresentadas para a seguradora até então, e assinou a documentação solicitada pela seguradora. Não houve menção a despesas médicas futuras ou em potencial.

Por fim, vale ressaltar que os motoristas parceiros não são empregados e nem prestam serviço à Uber, eles são profissionais autônomos que contratam a tecnologia de intermediação de viagens oferecida pela empresa por meio do aplicativo. A Uber não exerce controle sobre os motoristas.

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