Publicado em 16/01/2018 às 11:27, Atualizado em 16/01/2018 às 14:31

“Perfeito”, diz diretora sobre a reforma da escola por detentos

Em meados do mês de novembro do ano passado, os presos deram início aos trabalhos

Assessoria de Comunicação,
Cb image default
Divulgação

Com um mês para o retorno às aulas, a Escola Estadual Aracy Eudociak comemora a presteza no andamento das obras de reforma realizadas pelos detentos do regime semiaberto de Campo Grande. O colégio, localizado no bairro Jardim Tijuca, é o nono contemplado pelo programa “Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade”.

Em meados do mês de novembro do ano passado, os presos deram início aos trabalhos de revitalização da instituição de ensino. Reparação das instalações elétricas e hidráulicas, montagem de forro em todas as salas de aula, readaptação da cozinha e a construção de uma biblioteca nova para a comunidade foram alguns dos trabalhos a que se dedicaram os detentos.

“A nossa maior preocupação era com as salas de aula, mas o serviço já está bem adiantado nelas. A previsão de entrega das salas é dia 20 de janeiro, ou seja, bem distante do início das aulas que é somente no dia 15 de fevereiro”, conta com tranquilidade Gisele Maria Bacanelli, diretora da escola.

A diretora ainda afirma que, embora tenha sido estipulado o dia 28 de fevereiro como data limite para o término da reforma inteira, não é de se descartar a possibilidade de o colégio estar pronto antes. “Esse período de chuvas tem atrapalhado um pouco, mas, mesmo assim, já está quase tudo pronto. A cozinha está praticamente finalizada e a biblioteca, que nem tínhamos, já está sendo coberta”, elenca.

Gisele fala também sobre uma situação complicada que a escola passava no período noturno que, graças à reforma, não deverá mais ocorrer. Como não tinha um estacionamento para motos, era necessário abrir o portão dos fundos do colégio para as pessoas guardarem suas motocicletas próximas a uma quadra esportiva antiga. No entanto, isso fazia com que fosse preciso manter uma vigilância constante tanto neste portão, quanto no da frente, por onde entram os alunos, o que gerava muitos problemas. Agora, no entanto, os presos já estão terminando um estacionamento para motos na frente do colégio, dando fim a esta situação incômoda.

Segundo a diretora, porém, o que mais impressiona é o cuidado com que os presos trabalham. “Perfeito. Eles são ótimos, respeitosos e super caprichosos. Aliás, o capricho com que eles estão fazendo as coisas é surpreendente”, afirma categoricamente.

O programa “Pintando e Revitalizando a Educação com Liberdade”, idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, consiste em utilizar a mão de obra de detentos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira para realizar reformas em escolas estaduais por meio de uma parceria entre o Tribunal de Justiça de MS, a Secretaria Estadual de Educação e a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen). Os materiais de construção necessários para as obras são adquiridos com um fundo formado pelo desconto de 10% do salário de cada preso da Capital que trabalha no convênio. O programa já proporcionou a revitalização de oito escolas estaduais da Capital e uma economia para os cofres públicos estimada em aproximadamente R$ 5 milhões.

Somente na Escola Aracy Eudociak 25 detentos do regime semiaberto prestam serviço. Eles chegam ao local em transporte fornecido pelo Estado por volta das 7 horas e trabalham até as 17 horas, quando retornam para o Centro Penal.