Publicado em 20/05/2020 às 06:24, Atualizado em 20/05/2020 às 10:23

Por sair "várias vezes" e estar com Covid moradora de Ponta Porã usa Tornozeleira Eletrônica

Decisão foi da Justiça, após moradora de Ponta Porã ser denunciada à polícia por sair "várias vezes" apesar de estar com covid

Redação com , Marta Ferreira CGDENEWS
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Divulgação

“Um exagero”. Assim a vendedora de roupas Patrícia Marques Neto, 42 anos, moradora de Ponta Porã, define a medida extrema tomada pela Justiça para obrigá-la a ficar em casa, por ter testado positivo para a covid-19. “Estão me tratando igual bandida”, resumiu, sobre o fato de estar usando tornozeleira eletrônica desde hoje cedo.

A prisão domiciliar foi decretada ontem pelo juiz Marcelo Guimarães Marques, da 2ª Vara Criminal da cidade, após o secretário de Saúde da cidade, Patrick Derzi, registrar boletim de ocorrência contra a moradora no sábado (16), por descumprir medidas sanitárias. A informação relatada foi de que, apesar de ter sido orientada a não sair de casa, para evitar o contágio de outras pessoas, a moradora chegou a percorrer a cidade de táxi, para ir a um laboratório fazer novo teste para o vírus, no sábado. Ela não acreditou no exame rápido feito em posto de saúde local.

Na conversa por telefone com o Campo Grande News, Patrícia disse ter buscado o segundo exame porque tinha mesmo dúvidas sobre o diagnóstico na rede pública, feito dia 12, na terça-feira passada.

“Eu queria repetir o exame com eles e eles não deixaram”, justificou. O novo teste, que confirmou o contágio, custou R$ 200, revela Patrícia.

No registro policial, existe a informação de que o secretário de saúde chegou a ir à casa da vendedora, recomendar a quarentena, mas ainda assim ela passeou pelo comércio e dormiu fora de casa no sábado à noite. A Guarda Civil da cidade deu “plantão” na casa dela esperando pela chegada, dado o risco de transmitir a doença a outras pessoas.

Patrícia alega que só saiu na noite de sábado porque um de seus filhos tem “problemas mentais e o outro tem medo dele quando surta e quebra as coisas”. De acordo com ela, precisou dormir fora para evitar uma situação de violência doméstica. “Mas tomei todo o cuidado, estava de máscara e

A mulher garante “nunca” ter passado por uma delegacia e agora está se adaptando ao equipamento destinado normalmente a quem comete crimes.

Para ela, a situação é injusta. “Não tem necessidade de colocar tornozeleira, não tem necessidade de chamar a mídia, fazer esse barulho”, reclama