Publicado em 26/11/2020 às 10:37, Atualizado em 26/11/2020 às 14:40

Tenente-coronel preso por descaminho estava de licença médica no dia da detenção em MS

O PM foi afastado da diretoria de ensino, onde atuava.

Redacao com, G1
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Divulgação

Preso na última terça-feira (17) por descaminho, o tenente-coronel da Polícia Militar Luiz Carlos Rodrigues Carneiro estava afastado das funções por 60 dias após apresentar um atestado médico quando foi detido na fronteira com o Paraguai.

Conforme um comunicado interno da Polícia Militar, o tenente-coronel apresentou, no dia 15 de outubro, um atestado de 60 dias para afastamento dos trabalhos. Mesmo com a licença para um tratamento de saúde, o oficial foi preso em Ponta Porã, na fronteira com o Paraguai. No carro em que ele estava, foram apreendidas caixas com cabos de internet, mais de 300 celulares e 400 cigarros eletrônicos, tudo sem nota fiscal.

Em depoimento à Polícia Federal, ele disse que pegou carona até o Paraguai para encontrar o ex-sogro e comprar uma mala para a ex-esposa. No celular de Luiz Carlos, que foi apreendido, trocas de mensagens mostram que eles conversavam sobre o assunto. Mas o relatório da PF aponta que era exatamente em uma mala que parte dos aparelhos eletrônicos estavam guardados.

Relatórios da corregedoria da PM apontam a suspeita de que o tenente-coronel já estava envolvido com esse tipo de crime. Conforme o documento, ele se aproveitava da farda para não ser abordado durante as viagens até a região de fronteira, como no dia 30 de maio de 2020. Na ocasião, de acordo com o relatório, o tenente-coronel fazia uma viagem de Ponta Porã para Campo Grande, quando deixou de ser abordado por uma equipe de fiscalização porque “no interior do veículo, no banco traseiro, foi visualizado um cabide com uma farda da PM...".

Ainda segundo aponta a Polícia Militar, o policial supostamente estaria trazendo produtos do Paraguai sem pagamento de impostos, mas a caminhonete que ele dirigia acabou não sendo revistada após a identificação da alta patente do Tenente-coronel. Segundo a Corregedoria da Polícia Militar, “fica nítido a intenção do acusado de se utilizar do cargo ou função para praticar […] o crime de descaminho, evitando a fiscalização de outros policiais[…]”.

Luiz Carlos já havia sido preso em 2018, em desdobramento da Operação Oiketicus, que investiga policiais militares suspeitos de facilitarem o contrabando de cigarros na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai e a Bolívia. Estão em fase de recursos no Tribunal de Justiça os processos que apontam o suposto recebimento de propina da máfia do cigarro para o oficial e a posse ilegal de munições de fuzil, que o tenente-coronel guardava em casa no dia em que foi preso.

Com um salário de quase R$ 23 mil, conforme o Portal da Transparência, ele estava no quadro de oficiais da Diretoria de Ensino, Instrução e Pesquisa da PM, responsável pela capacitação de militares dentro da própria instituição.

Luiz Carlos foi afastado após a prisão. O G1 e a TV Morena tentaram contato com a defesa do tenente-coronel, mas até o momento não recebeu resposta. A assessoria da PM informou que vai se manifestar após a conclusão dos processos administrativos e judiciais que o policial responde.