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“Versões fantasiosas”, ciúme excessivo e triângulo amoroso

Primeira audiência sobre morte de Graziela Pinheiro Rubiano revela que Rômulo seguiu esposa e amante até motel.

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Na tarde desta terça-feira, 25 de agosto, ocorreu a primeira audiência, via google meet devido a pandemia do coronavírus, sobre a morte de Graziela Pinheiro Rubiano, 36 anos. Mesmo sem o corpo da vítima ser encontrado, as evidências da investigação realizada pela DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios) sobre o desaparecimento da estudante de enfermagem, concluíram que ela foi morta e esquartejada pelo marido, Rômulo Rodrigues Dias, de 34 anos, preso desde de 19 de abril.

Na audiência foram ouvidas testemunhas de acusação que relataram um relacionamento conturbado entre a vítima e o réu, crises de ciúme excessivo por parte de Rômulo, além de um triângulo amoroso com um outro funcionário da empresa onde o casal trabalhava.

Triângulo amoroso - De acordo com uma testemunha que seria amante de Graziela, eles teriam namorado por sete meses antes dela se relacionar com Rômulo. Porém, mesmo os três trabalhando juntos, acreditavam que o marido não sabia do caso. “Eu nunca contei porque ela falava que não tinha mais nada com o Rômulo, só moravam na mesma casa fazia muito tempo e ela queria se separar, morar em outro lugar. Disse que já tinha pedido para ele ir embora, mas Rômulo não ia”, afirmou a testemunha ao promotor de justiça.

Crises de ciúme - No relato, o homem confessou que no sábado, dia 4 de abril, próximo ao desaparecimento de Graziela, eles passaram a tarde no motel. Ainda segundo a testemunha, a vítima sempre comentava sobre as crises de ciúme de Rômulo e teria dito que ele chegou a dopá-la para descobrir a senha do celular dela. “Uma vez a Grazi me contou que o Rômulo dopou ela porque eles estudavam enfermagem, então ele deu um remédio para ela dormir e quando acordou, ele estava tentando desbloquear o celular dela com a digital do seu dedo”, disse o rapaz.

Para a polícia, ao contrário do que o suposto amante imaginava, Rômulo sabia do caso. Dois investigadores da DEH que foram ouvidos em audiência confirmaram que, por meio da quebra de sigilo do telefone do acusado, o localizador do aparelho celular de Rômulo mostrou que ele ficou parado próximo ao motel onde Graziela se encontrava com amante, durante cerca de 4 horas, naquele sábado.

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“Versões fantasiosas” – Na época do desaparecimento de Graziela, o que chamou atenção da polícia, é que na segunda-feira, 6 de abril, mesmo sem notícias da esposa, ele foi até a empresa deixar as coisas dela e não procurou a delegacia, familiares ou amigas da mulher.

O patrão dos dois também foi ouvido. Segundo ele, Rômulo não apresentou nenhuma alteração no comportamento pelo fato da esposa, supostamente, tê-lo deixado e não saber onde ela estava. “Ele só me disse que ela tinha ido embora para o Paraná e depois entraria em contato comigo para tratar do acerto”, afirmou o patrão que disse ter visto a funcionária pela última vez no dia 4 de abril, pela manhã.

A denúncia do desaparecimento de Graziela foi registrada na terça-feira, 7 de abril, pelas amigas que acharam estranho a vítima não entregar um trabalho de curso e o fato dela ter visualizado o WhatsApp pela última vez na manhã de domingo.

À polícia, Rômulo apresentou diferentes versões do que teria acontecido, todas elas “fantasiosas”, segundo descreveram os investigadores ouvidos em audiência.

Rômulo chegou a divulgar para as amigas de Graziela, um vídeo da esposa nua dizendo que teria descoberto um caso extraconjugal dela com uma mulher e, por vergonha, a vítima teria ido embora.

Em novo interrogatório, ele relatou que no dia 5 de abril foi ao Balneário Atlântico, na saída para Três Lagoas, onde o casal tinha um loteamento e estava construindo uma casa, eles teriam discutido porque a mulher havia entrado na lagoa para nadar e eles foram advertidos por um porteiro que estava proibido o banho. Por este motivo, brigaram e ela, simplesmente, sumiu. Rômulo voltou para a casa e, sem notícias da esposa, entregou as chaves dela ao patrão, no dia seguinte.

Crime sem corpo – Conforme denúncia do Ministério Público acatada pelo juiz da 2ª Vara do Tribunal do Júri, Aluízio Pereira dos Santos, Rômulo matou e esquartejou a esposa, se desfazendo do corpo que até hoje, não foi encontrado. Ele está sendo julgado por feminicídio e ocultação de cadáver.

O homem que também era estudante de Técnica de Enfermagem nunca confessou o crime. Mas a polícia encontrou vestígios de sangue no teto do carro dele e o DNA examinado foi considerado compatível com o da filha de Graziela, o que comprovou se tratar do sangue da vítima.

Os vestígios também estavam em uma edícula da casa onde eles moravam, no Bairro Jóquei Clube, onde havia enorme mancha detectada por luminol e até pegadas. Foi identificado que Rômulo ainda fez pesquisas no celular sobre amputação e uso de anestésicos.

O inquérito apontou que as versões contadas por ele sobre o último dia em que a mulher foi vista não condizem com as provas apuradas.

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