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Em MS, secretária fica sem benefício após INSS adiar perícia de cirurgia

Servidores alegaram que CPF foi cancelado, mas estava regular na Receita.Mulher diz que teve de voltar a depender da ajuda dos pais aos 50 anos.

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Reprodução TV Morena)

A secretária Maria Ângela B’Ávalos Luiz, de 50 anos, está passando por tempos difíceis. Depois de retirar um tumor ósseo da cabeça, ela está sem receber o benefício desde julho porque teve a perícia da cirurgia adiada em um mês pelo Instituto Nacional de Seguro Social (INSS). Em Mato Grosso do Sul, as 37 agências estão em greve desde o último dia 7 de julho.

“Foi uma cirurgia bem complicada. Foram 13 horas de cirurgia. Pelo que o médico me disse ficaria pelo menos três meses”, contou.

Segundo Ângela, o funcionário alegou que o Cadastro de Pessoa Física (CPF) estava com problemas. Ela, que não tem carro, foi até a Receita Federal conferir a situação e tudo estava em ordem. A perícia estava marcada para o dia 27 de julho e foi adiada para o dia 19 de agosto.

“Eles (INSS) alegaram que meu CPF estava cancelado, porém no mesmo dia fui à Receita Federal e me disseram, até mesmo imprimiram documento, em que acusava que o mesmo estava regular”, afirmou Ângela.

A secretária está afastada do trabalho desde o dia 17 de junho e fez a cirurgia no dia 24. Em julho, recebeu pela empresa porque ainda não tinha completado 15 dias. Mas no mês seguinte ficou sem receber.

Por causa do adiamento, ela terá de esperar até meados de setembro na incerteza de receber o benefício. Se no dia 19 de setembro a secretária não receber a “cartinha” do INSS, deverá procurar uma agência no dia 21.

“Quando passei pela perícia, me disseram que o normal era aguardar 30 dias. Mas segundo o escritório de contabilidade da empresa, eles mandam a cartinha em 10 e 15 dias”, pontuou. Ângela foi até uma agência perto do Horto Florestal que está funcionando parcialmente.

Sem dinheiro e com uma filha de 12 anos, Ângela contou que voltou a receber ajuda financeira dos pais. Meus pais tiveram que voltar a me ajudar. Eles não podem muito também, mas damos um jeito, disse.

GreveA greve do INSS no estado já dura 60 dias. Segundo o movimento grevista, das 37 agências, seis estão totalmente paradas em seis cidades: Campo Grande, Bonito, Sidrolândia,São Gabriel do Oeste, Jardim e Miranda. As demais estão funcionando parcialmente.

A assessoria de imprensa do INSS no estado informou que são cerca de 600 servidores federais e aproximadamente 70% aderiram à paralisação entre atendentes e servidores do administrativo. Por causa disso, alguns serviços agendados estão sendo remarcados.

“Por dia, de 1,7 mil a 2 mil pessoas são deixadas de serem atendidas”, afirmou a representante do movimento grevista, Anita Borba. Segundo ela, a partir desta sexta-feira (4), os médicos peritos também vão aderir à paralisação.

ReivindicaçõesEntre as reivindicações dos trabalhadores, estão realização de concurso público para aumentar o efetivo, incorporação das gratificações nos salários e um reajuste nos salários de 27%, para repor as perdas salariais desde 2010.

“Principal é o concurso público para aumentar efetivo e a incorporação das gratificações no salário, aumento linear não é condição para voltar”, disse Anita.

Ainda não há previsão para o encerramento da greve. “Meu sonho”, resumiu a grevista. De acordo com ela, o governo federal ainda não fez nenhuma proposta concreta. “Tudo foi conversado, mas nada no papel. Não tem como voltar se não tiver a garantia”, completou.

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