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Chile vai a segundo turno após resultado surpreendente

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Haverá segundo turno no Chile entre o ex-presidente de centro-direita Sebastián Piñera, 67, e o "outsider" de centro-esquerda, o jornalista Alejandro Guillier, 64.

Com 99,89% dos votos apurados oficialmente, Piñera tinha 36,6%, seguido de Guillier, com 22,7%.

A primeira surpresa da noite foi a votação mais baixa do ex-presidente, para quem as pesquisas projetavam 45% dos votos e até mesmo a chance, ainda que pequena, de que vencesse a eleição já no primeiro turno.

A segunda foi a boa votação que obteve a terceira colocada, a candidata da recém formada coalizão esquerdista Frente Ampla, Beatriz Sánchez, 46. As pesquisas lhe davam ao redor de 12% dos votos, mas ela acabou tendo 20,3%, e quase tirando o próprio Guillier do páreo.

A participação ficou dentro do esperado, baixa, em apenas 43% do padrão eleitoral.

Às 21h locais (22h em Brasília), a presidente Michelle Bachelet deu declarações desde o Palácio de La Moneda. "O Chile sempre soube conviver com a diversidade, não podemos deixar de ouvir os que pensam diferente e os que votaram em candidatos que ficaram de fora, é preciso escutar a todos e chegar a consensos". Bachelet fez, ainda um chamado enfático aos que não haviam saído a votar.

"Peço que vocês se somem a essa nova eleição de dezembro, pois ela definirá o futuro do Chile."

O resultado deste domingo (19) deixou o segundo turno, que se disputa próximo dia 17, em aberto. Se antes as pesquisas indicavam uma vitória relativamente fácil para Piñera, agora o caminho parece mais complicado.

Guillier já demonstrou interesse em aliar-se à Frente Ampla, com quem tem afinidade política. Essa força, porém, apesar de ser contra a candidatura de Piñera, surgiu dos movimentos estudantis de 2011 e tem como bandeira opor-se à política tradicional. Guillier, apesar de ser uma cara nova no cenário, pertenceu a partidos integraram a aliança governista Nova Maioria.

É por isso que o jornalista e senador por Antofagasta também terá de contar com boa parte dos votos dos eleitores de Carolina Goic, que obteve 5,8% (seu partido, a Democracia Cristã, também integrou a Nova Maioria), e os de outro centro-esquerdista Marco Enriquez-Ominami, que teve 5,7%.

O ex-presidente socialista Ricardo Lagos pediu união em torno da candidatura de Guillier. "Porque foi assim que, no passado, vencemos a ditadura. Agora precisamos desse novo consenso para avançar nas reformas e evitar retrocessos".

Guillier disse em seu discurso que sua candidatura representa "a renovação da política" e convocou "todas as forças progressistas" a apoiarem sua candidatura.

Já Piñera terá de contar com boa parte dos eleitores do ultra-direitista José Antonio Kast (7,9%), ainda que, para isso, tenha de endurecer seu discurso à direita, sob o risco de, nesse movimento, perder o voto de eleitores mais moderados.

Em seu discurso, Piñera declarou que se considera o ganhador da noite, e que não estava incomodado com a votação mais baixa que o esperado. "Ganhamos em todas as regiões e ganhamos um voto que me importa muito, que é o da classe média e o dos mais humildes".

Seu comitê de campanha estava lotado, e o público respondeu agitando bandeiras de sua coalizão, a Chile Vamos, e as do Chile, quando o candidato disse: "Começa agora uma nova eleição. Vamos a ela com entusiasmo".

INCIDENTES

O dia de votação foi tranquilo. O calor inusitado para esta época do ano (cerca de 26 graus) chamou a população a ir aos parques e praças ao longo do domingo. O único distúrbio registrado ocorreu pela manhã, quando um grupo de estudantes cercou o comitê de campanha de Piñera com cartazes e gritando as palavras de ordem: "Cualquiera, menos Piñera" (qualquer um, menos Piñera). Logo, porém, os Carabineros diluíram a manifestação.

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