Publicado em 07/02/2018 às 16:18, Atualizado em 07/02/2018 às 19:19

Falso médico infetou dezenas de pessoas com HIV na Índia

Chegava a usar a mesma seringa 50 vezes seguidas, limpando-a apenas com água

Redação,
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Um falso médico infetou dezenas de pessoas com HIV no norte da India, dando vacinas baratas sempre com a mesma seringa, que apenas limpava com água. As autoridades detetaram o problema quando depararam com uma subida do número de casos que apareciam nos hospitais do distrito de Unnao, em Uttar Pradesh, o estado do norte que é o mais populoso da Índia.

Interrogando os doentes, constatou-se que muitos falavam de um homem que se apresentava como médico e o ano passado tinha andado de bicicleta a visitar vilas e aldeias, oferecendo vacinas a uma fração do preço de uma vacina normal. Num país onde a pobreza extrema é endémica e o sistema de saúde tem enormes lacunas de cobertura, a proposta era aliciante para muita gente, apesar de verem que o homem chegava a dar 50 vacinas diárias com a mesma seringa.

"Ele era como um anjo para nós. Os médicos do governo prescreviam-nos medicamentos que custam entre 100 e 300 rupias, mas a sua injeção custava apenas 10 rupias (0,126 euros). Se tivéssemos boa assistência médica oficial, por que é que tanta gente iria a Yadav", disse um habitante local, referindo um dos nomes pelos quais o falso médico era conhecido.

Localizada a origem das infeções, instalaram-se campos de testes no local. Em 566 pessoas analisadas, 33 tinham HIV. Todas aparentemente por obra do mesmo homem, cujo verdadeiro nome parece ser Rajendra Kumar e que se encontra atualmente em fuga. As autoridades esperam encontrá-lo em breve. Quando isso acontecer, ele será acusado por vários crimes, incluindo o de ofensas corporais praticadas com meios perigosos, o de espalhar doenças infecciosas e o de praticar medicina sem permissão legal.

Casos desse tipo são um fenómeno relativamente comum nas zonas rurais da Índia, um país onde a percentagem de médicos é menos de um por milhar, abaixo do recomendado pela Organização Mundial de saúde. Conhecidos por 'jhola chaap', esses homens raramente têm mais do que o liceu. Num país onde são comuns temperaturas elevadas que facilitam a sobrevivência de vírus como o HIV, a atividade deles é especialmente danosa.