Buscar

"Dá medo agora", diz idoso que arrumou emprego para acusado de duplo assassinato

Homem atuou apenas algumas horas carregando tijolos em obra de casa no Jardim Macaúbas, onde foi encontrado pela polícia.

Cb image default

Acusado foi transferido hoje para cidade onde ocorreu o crime. (Foto: Marcos Maluf)

“Foi a primeira vez que ajudei alguém assim. Dá até medo agora. Da próxima vez não ajudo mais ninguém”. A fala assustada e de decepção é de idoso que abrigou e empregou o suspeito de assassinato Fabrício Buim Arena Belinato, de 36 anos, preso ontem em Campo Grande, acusado de matar a esposa e a enteada em Pompeia (SP).

Aceito em pequena obra de casa no mesmo bairro, onde o idoso trabalhava, Fabrício se identificou como João e ao ser questionada para das mais detalhes de sua vida, disse apenas que queria paz.

Morador do Jardim Macaúbas, o homem de 68 anos que não terá o nome revelado, conta que se deparou com o detido pela primeira vez quando ele invadiu um barraco em plantação localizada próximo à BR-262, na sexta-feira passada, em meio a feijões de corda, cebolinha e algumas árvores de mandioca. A pequena roça é mantida pelo morador, que todos os dias vai até lá para cuidar das plantas.

“Fui abrir o colchete e vi que não estava do jeito que a gente deixou. Sexta-feira cedo. O sofá que tinha também não estava do mesmo jeito”, lembra. Depois disso, ele foi para a parte de trás do barraco e encontrou Fabrício. “Ele estava com a bicicleta e com celular encostado. Eu perguntei - o que você está fazendo aí?”.

Segundo o idoso, o fugitivo pediu desculpas pela invasão, mas justificou que estava chovendo e que chegou a chamar para ver se alguém estava no local, mas ninguém atendeu. “Aí eu entrei e dormi aí, mas já tô indo embora”, disse Fabrício, que teria ainda afirmado ser morador de rua e que estava com pé machucado.

O preso contou ainda que seria de Cáceres e mentiu dizendo que teria sido abandonado pela mulher e pela família. “Aí eu falei - rapaz, sai dessa vida. Para em um lugar. Aí ele perguntou se podia ficar no meu barraco e eu falei para ele ficar no barraco da frente”.

No dia seguinte, o idoso voltou à plantação e pediu que Fabrício – que se identificou como João – ficasse então em seu barraco porque os filhos do dono do outro barraco apareceram. “Aí deixei ele ficar no meu”, contou. 

Ainda no sábado, Fabrício disse que tinha ido à igreja no bairro Moreninhas e em seguida o idoso comentou que estava trabalhando em uma obra. Foi quando o preso falou que queria um emprego para “seguir em frente”.

O morador se ofereceu para buscá-lo no barraco todos os dias para esse trabalho e Fabrício aceitou. “Ele disse que eu levava ele um dia e depois ele ia de bicicleta”, relatou o idoso.

Primeiro dia – O morador enganado por Fabrício disse ainda que ontem, segunda-feira, foi o primeiro dia de trabalho em que o havia levado, justamente quando acabou sendo preso. “Perguntei se ele tinha documento, ele disse que não tinha. Só falou que se chamava João”.

Já na pequena obra de uma casa no Jardim Macaúbas, o dono da empreitada pediu informações acerca de Fabrício, que repetiu se chamar João sem dar mais detalhes. O morador disse a ele que precisaria de mais dados para poder ajudá-lo, mas o preso disse apenas: “Deixa pra lá, só quero paz!”.

No primeiro e único dia de trabalho, Fabrício estava ajudando a carregar tijolo, porque “não sabia fazer as outras coisas”. 

Identificação – Foi a esposa do idoso quem identificou Fabrício. O rosto dele foi divulgado na televisão, já sendo procurado e o neto dela viu. Eles estavam em casa, enquanto o marido e o suspeito, na obra, que é ali perto.

“Meu neto viu que era ele mesmo, aí eu só avisei o rapaz aqui de perto porque fiquei com medo do meu marido falar alguma coisa”, contou a senhora. Tal rapaz acionou a polícia.

Segundo ela, o medo maior foi de Fabrício matar o marido dela. “Depois a gente só viu a polícia chegando”. A mulher comentou que durante a abordagem, Fabrício agiu de forma tranquila, sem fazer “nada”. “A polícia perguntou se ele tinha matado. Ele disse que sim”.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.