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Depois de matar Timóteo, pedreiro assassino voltou para enterrar Leonel

Cleber de Souza Carvalho confessou que dois dos sete assassinatos ocorreram no mesmo dia.

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Cleber de Souza Carvalho, foi interrogado por videoconferência do IPCG (Instituto Penal de Campo Grande) onde está preso

Foi interrogado, por videoconferência, na tarde desta terça-feira (16), em audiência na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande, Cleber de Souza Carvalho, 44 anos. O processo sobre a morte do aposentado Timóteo Pontes Romã, 62 anos, uma das sete vítimas do pedreiro chega a fase final, antes do julgamento.

O réu deveria ter sido interrogado no dia 9 de fevereiro, mas aparentando estar bastante gripado e com dificuldade na fala, o depoimento foi adiado. Na tarde de hoje (16), Cleber estava recuperado e deu detalhes sobre a morte de Timóteo.

O pedreiro relatou que conhecia a vítima há pelo menos 20 anos da região onde moravam, em bairros próximos. O motivo do assassinato, segundo Cleber, seria uma discussão por conta de dívida.

Cleber disse que, no final de 2017, emprestou R$ 3 mil de um agiota para dar a Timóteo que teria que pagar em três parcelas, mais os juros. Porém, o aposentado não teria pago a dívida fazendo com que o pedreiro tirasse do próprio bolso para quitar o empréstimo.

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José Leonel Ferreira dos Santos, 61 anos, foi morto horas antes de Timóteo, na Vila Nasser (Arquivo/ Rede Social)

No final de abril de 2020, conforme versão do réu, ele e o aposentado se encontraram. Na ocasião, Timóteo teria dito que o pagaria e pediu para que Cleber fosse até a casa dele, no sábado, dia 2 de maio, para consertar a calçada da frente.

O assassinato – Timóteo era aposentado, mas ficou conhecido no bairro por fazer bicos no supermercado na Avenida Tamandaré. Ele foi assassinado na Rua Netuno, na Vila Planalto, onde morava, em maio de 2020.

Cleber alegou que ao chegar na casa de Timóteo, na manhã de sábado, desceu do carro suas ferramentas e carrinho que usava para trabalhar. Mas a vítima não havia comprado os materiais necessários como cimento e areia. Então, teria pedido ao pedreiro para que ele fizesse outro serviço no banheiro.

A discussão teve início quando Cleber disse o preço do serviço e o aposentado teria se negado a pagar, inclusive, a dívida do empréstimo. “Nós começamos a discutir, trocar xingamentos e eu perdi a cabeça. Peguei um pau e dei duas pauladas nele”, detalhou Cleber ao juiz.

O pedreiro usou o cabo de uma picareta para atingir a vítima na lateral do rosto e na nuca. Em seguida, jogou o aposentado em um poço desativado nos fundos do quintal, a 10 metros de profundidade.

“Eu arrastei a tampa de concreto que cobria o poço e, na hora, eu pensei: Já que comecei... (pausa rápida). Desculpa a palavra Dr (juiz), pensei, vou terminar de matar logo", relatou.

Ao ser questionado se a vítima foi jogada no poço ainda com vida, o pedreiro disse que não verificou. “Não sei se ele estava vivo ou morto, só pensei que se ele acordasse iria me entregar para a polícia”, afirmou Cleber.

Premeditado – Para o Ministério Público, assim como os outros homicídios, a morte de Timóteo foi premeditada pela intenção de Cleber de se apossar dos bens da vítima que era idosa, morava sozinha e aparentava ser um “alvo fácil”.

Logo depois de bater na cabeça de Timóteo e o jogar no poço, Cleber voltou para a casa de outra vítima, assassinada por ele horas antes.

“Depois que sai da casa do Timóteo, fui para a do Leonel, ver o que iria fazer e enterrei o corpo”, lembra o pedreiro.

O comerciante José Leonel Ferreira Santos, de 61 anos, foi encontrado morto na noite de quinta-feira, 7 de maio de 2020, na casa dele, na Vila Nasser, em Campo Grande. Ele foi atingido na cabeça com golpes de barra de ferro e teve o corpo enterrado no quintal da residência.

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Timóteo Pontes Romã, 62 anos, foi morto com cabo de uma picareta e jogado em um poço, no fundo da casa dele, na Vila Planalto (Arquivo/Rede Social)

Durante as investigações, a polícia descobriu que Leonel foi morto na madrugada de sexta para sábado, dia 2 de maio, e enterrado horas depois. Ou seja, Cleber confessou ter matado o comerciante e Timóteo, no mesmo dia.

Assassino em série – Foi o desaparecimento de José Leonel que levou a polícia a descoberta do mais recente “serial killer” de Mato Grosso do Sul, depois do Nando e do “Maníaco da Cruz”.

Após investigação da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídios), Cleber de Souza Carvalho ficou conhecido como “Pedreiro Assassino”, por confessar sete assassinatos e ainda ter ajudado a polícia a desenterrar os corpos ou restos mortais das vítimas.

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