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Mulher que morreu ao cair do 3º andar no DF foi estrangulada 1 dia antes, diz testemunha

Idoso que dividia apartamento com vítimas prestou depoimento na Polícia Civil. Cena do crime foi alterada.

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(Foto: Reprodução/TV Globo)

O principal suspeito pelo feminicídio de Carla Zandoná – que morreu nesta segunda-feira (6), após cair do terceiro andar de um prédio residencial na Asa Sul, em Brasília – tentou estrangular a mulher na noite de domingo (5), segundo o depoimento de Salmon Lustosa Elvas à Polícia Civil.

O aposentado, de 75 anos, dividia apartamento com Carla e Jonas Zandoná. Ele prestou depoimento na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) após o crime. Salmon estava em casa no momento em que Carla caiu da janela e quando ocorreu o suposto estrangulamento.

Em audiência de custódia, nesta terça-feira (7), o juiz determinou a prisão preventiva de Jonas (leia mais abaixo). Segundo a Polícia Civil, ele tinha longo de histórico antecedentes criminais. Em janeiro de 2017, foi preso pela Lei Maria da Penha contra Carla.

Na época, a Justiça aplicou medidas protetivas favoráveis à vítima – o marido não poderia se aproximar a menos de 300 metros de distância nem entrar em contato com ela por telefone ou internet. Em abril, porém, o processo foi arquivado.

Além disso, em 2018, Jonas foi detido por tentativa de furto a um supermercado da quadra em que ele morava. Ele também foi indiciado seis vezes por lesão corporal contra outras vítimas.

Por volta das 11h30, o corpo de Carla Zandoná ainda passava por necropsia no Instituto Médico Legal (IML). A data e o horário do velório e do enterro não haviam sido divulgados até a última atualização desta reportagem.

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(Foto: Reprodução/TV Globo)

Cena modificada

A cena do crime foi alterada antes de a perícia chegar. Uma fonte da Polícia Civil relatou ao G1 que duas portas da casa foram arrombadas – a da entrada e a do quarto de Salmon –, que havia roupas espalhadas na sala e em um dos quartos, e que uma faca que poderia ter sido utilizada pelo suspeito tinha sido colocada no balcão da cozinha.

No local, os militares que atenderam a ocorrência disseram ter feito as alterações para procurar armas. Na visão da Polícia Civil, porém, as buscas podem comprometer a investigação.

Em nota enviada ao G1, a Polícia Militar afirmou que "precisou entrar no apartamento diante de recusa em abrir a porta para levar o suspeito até a DP e esclarecer os fatos, evitando o perigo de fuga. O suspeito estava com uma arma branca e foi preso graças a ação da PMDF."

Prisão preventiva

Durante a audiência de custódia, nesta terça (7), o juiz Aragonê Nunes determinou que a prisão de Jonas Zandoná seja convertida em preventiva. Com isso, ele ficará detido por tempo indeterminado.

"Com efeito, os fatos são concretamente graves. Segundo consta, o autuado teria jogado sua companheira pela janela, permanecendo na residência como se nada tivesse acontecido. Some-se a isso os relatos trazidos pelas testemunhas, no sentido de que as brigas, agressões e ameaças seriam constantes", declarou.

"Todo esse cenário evidencia uma escalada criminosa, que resultou na triste morte da vítima."

De acordo com o juiz, o fato de ele ter aparente distúrbio psiquiátrico não pode servir de desculpa para praticar crimes. Por isso, a prisão dele é para "garantir a ordem pública" e preservar as investigações.

Em outro caso de feminicídio, o delegado disse que "não tinha bola de cristal" para prever crimes. Na ocasião, ele tinha soltado um suspeito três dias antes de matar a ex-namorada a facadas.

Entenda o caso

Jonas Zandoná, de 44 anos, foi preso em flagrante pela suspeita de ter jogado a mulher, Carla Graziele Rodrigues Zandoná, de 37, do terceiro andar do prédio em que moravam, na quadra 415 Sul, em Brasília. Ela caiu no gramado, foi resgatada para o Hospital de Base, mas morreu na unidade de saúde.

Uma vizinha, que é bombeira, passava pelo local no momento da queda e prestou os primeiros socorros. O Corpo de Bombeiros foi acionado em seguida.

Segundo o sargento Sérgio Pereira, da Polícia Militar, Carla foi encontrada "de costas ao chão", o que descartaria a hipótese de suicídio.

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