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Polícia descobre ligação de fazendeiro de MS com o tráfico internacional

Antônio Joaquim da Mota, o Tonho, fazendeiro tradicional em Ponta Porã, tinha lista de pagamento de propina a policiais

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Antônio da Mota e a Cecy Mendes da Mota; casal tradicional da fronteira foi preso na Operação Patrón (Foto: Reprodução)

Fazendeiro tradicional e respeitado na fronteira com o Paraguai, Antônio Joaquim da Mota, o “Tonho”, preso na semana passada acusado de ajudar na fuga de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, também é investigado por ligação com o tráfico internacional de cocaína.

Antônio Mota, dono de fazendas e frigoríficos em Mato Grosso do Sul e no Paraná, morador em uma mansão no centro de Ponta Porã, foi preso no dia 19 deste mês com o filho, o enteado e a mulher na Operação Patrón, desdobramento da Lava Jato, que investiga a rede de apoio a Dario Messer – preso desde julho deste ano.

De acordo com o jornal O Globo, a Polícia Federal identificou extensa lista de agentes e autoridades paraguaias que receberam propina para fazer vista grossa ao tráfico da cocaína vinda da Bolívia.

As anotações teriam sido encontradas na casa de Tonho durante as buscas da semana passada. Na lista, os policiais eram chamados de “vermes”. A PF chegou aos Mota ao investigar a rede que financiou e deu apoio para Messer permanecer escondido das autoridades paraguaias e brasileiras.

Oito paraguaios também tiveram as prisões decretadas pelo juiz carioca Marcelo Bretas, entre eles o ex-presidente do Paraguai Horacio Cartes e o dono do Shopping China, Felipe Cogorno Álvarez. Nenhum foi preso até agora.

O Campo Grande News apurou nesta terça-feira (26) que Tonho e o filho Antônio Joaquim Mendes Gonçalves da Mota estão no Presídio Ricardo Brandão, em Ponta Porã. Cecy Mendes Gonçalves da Mota está no presídio feminino, mas os três devem ser transferidos para o Rio de Janeiro, onde está preso o filho de Cecy e enteado de Tonho, Orlando Mendes Gonçalves Stedile.

Anotações – Conforme o jornal carioca, entre os documentos encontrados na residência de Mota, na Avenida Brasil, em Ponta Porã, estavam tabelas e anotações confirmando a atuação da organização criminosa no tráfico de cocaína da Bolívia para o Paraguai e o pagamento de propina até para agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas), Interpol e outros órgãos de investigação do país vizinho. Na tabela em que os policiais são identificados como "Vermes", os pagamentos somam US$ 18,8 mil.

Segundo a Polícia Federal, foram identificadas transações financeiras com Caio Bernasconi Braga e um homem de codinome "Carrera", ambos ligados a Sérgio de Arruda Quintiliano Neto, o “Minotauro”, preso no início deste ano no litoral catarinense depois de comandar o extermínio de bandidos rivais na Linha Internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.

Ainda segundo as informações apuradas pelo diário carioca, também foi encontrada agenda com lista de gastos associados com uma pista de pouso, pagamentos de comissão a "Polaco" e anotação do nascimento de 16 produtos (animais) em 2014 na Fazenda Buracão.

Minotauro é apontado na investigação como responsável em operar a pista de pouso da fazenda Buracão, usada para descarregamento da cocaína boliviana. Dois cadernos, um de capa azul, e outro de capa vermelha, possuem, anotações sobre a pista, segundo a PF.

Entre as anotações estão referências a pagamento de R$ 950 mil ao homem identificado como “Polaco”, faturamento de 2,2 milhões de dólares com venda de cocaína e de compra e venda de 400 quilos de pasta-base. Ainda há anotações de pagamentos e movimentação de drogas, relacionadas aos codinomes Tauro e Huevo.

A PF descobriu ainda anotação sobre gasto de US$ 16,6 mil com blindagem, supostamente da caminhonete Dodge RAM apreendida na casa da família Mota em Ponta Porã.

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