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Por pena, Ramona mantinha relação doentia com o próprio assassino

Mulher foi morta a facadas pelo marido, no Portal Caiobá; ele está foragido

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Divulgação

Foram cerca de sete anos de uma relação que, assim como em boa parte das que são marcadas pela violência doméstica, terminou de forma trágica. Ramona Regilene Silva de Jesus, 44 anos, foi morta pelo marido Genilson Silva de Jesus, 41 anos, a golpes de faca na noite de domingo (04), na Rua Rosa Ferreira Pedro, no Portal Caiobá, região sul de Campo Grande.

Um desfecho que, segundo familiares, era inesperado, mas resultado de um casamento doentio. Movido pelo medo, violência, vício em álcool e pena.

“Ontem, antes do ocorrido, ela inclusive disse isso, que não queria mais saber dele, mas se mantinha casada por dó”, comenta uma irmã de Ramona, que preferiu não se identificar.

No mesmo ‘encontro de família’, deste domingo (04) e que precedeu a tragédia, o próprio Genilson, ou “Gê”, como era chamado pela vítima, se questionou pelo comportamento abusivo com a esposa.

“Você me acha estressado?, ele me perguntou. Eu disse que quando ele não bebia, era ao menos tolerável. Ele me respondeu que estava tentando melhorar”, pontuou a irmã, durante o velório da vítima, esta tarde (05).

De jeito prepotente, as agressões eram frequentes assim com os rompantes de raiva do rapaz, por vezes relacionada à bebida. Há cerca de dois anos, com uma arma, Genilson teria dado uma coronhada na esposa que desmaiou e foi parar no hospital.

“Ela teve de levar pontos no rosto mas fugiu do UPA (Unidade de Pronto Atendimento) depois de ter sido questionada por policiais”, comenta.

Na época, o ferimento teria sido por conta de uma “queda” que nunca aconteceu. “Mas conforme o tempo foi passando ela admitiu que o ‘Ge’ quem tinha agredido ela”, completa. Mas apesar do relacionamento conturbado, sendo cinco só de casados, a esperança da família era que tudo no fim das contas, se acertasse.

“Ele aparentemente gostava muito dela. Querendo ou não sempre apoiou ela no que precisasse então a gente tentava ter paciência”, acrescenta.

“Você não conhece esse homem”, disse Ramona em uma das conversar com a irmã, para justificar o comportamento violento do marido entre quatro paredes, diferente ao que era junto de familiares.

“Eu realmente não conhecia, mas se ela sabia quem ele era tão bem, porque permaneceu nesse vai e volta por tanto tempo?”, faz o questionamento.

Ramona chamava a irmã mais velha de mãe, desde que as duas perderam a mãe biológica quando crianças. Vendia lingeries para ganhar a vida e teve dois filhos de 20 e 22 anos de um outro casamento .

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André Biittar

Para irmã o que resta, além da saudade eterna da alegria da “filha” Ramona é o sentimento de impotência por não ter percebido, a tempo, o fim de uma tragédia anunciada.

“Sinceramente estou com mais raiva de mim do que dele [Genilson], por ter acreditado em tudo que ele dizia de bom quanto a ela”, conclui.

Crime brutal – Ramona foi esfaqueada ainda dentro de casa, pela Rua Rosa Ferreira Pedro, no residencial Celina Jallad pelo bairro Portal Caiobá, região sul de Campo Grande. Mas segundo moradores, mesmo ferida, ela atravessou a rua em busca de socorro.

No entanto, ainda segundo vizinhos o marido a perseguiu, lhe deu uma rasteira e a atingiu por mais vezes na frente dos moradores. Vizinhos ainda tentaram correr atrás do agressor, que fugiu a pé para os fundos do bairro, onde fica uma área de mata.

Revoltados com a cena que presenciaram, os moradores atearam fogo em uma Ford Courier, veículo que pertencia ao autor. O automóvel foi totalmente destruído pelo fogo.

Comportamento violento – Genilson já havia sido denunciado por ameaçar matar o filho recém-nascido de uma amante em 2008. A denúncia foi feita pela mãe da criança – que na época tinha seis meses de idade.

Ele havia tido uma relação extraconjugal com a mulher, que ficou grávida. Quando a criança nasceu, ele ameaçou matar o menino e fugir para o Paraguai, pois, segundo a mulher, lá ninguém o encontraria.

Na polícia, há apenas um registro de violência doméstica envolvendo o casal, feito em 2013. No BO, Genilson e Ramona constam como autores de violência.

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