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Zelada movimentou 11 milhões de euros ilegalmente no exterior, diz MPF

Ex-diretor da área Internacional da Petrobras foi preso nesta quinta (2). Zelada foi sucessor de Nestor Cerveró no cargo e atuou entre 2008 e 2012.

(Foto: Mauro Pimentel/Folhapress)

O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Jorge Luiz Zelada foi preso na 15ª fase da Operação Lava Jato, nesta quinta-feira (2), para evitar a reiteração de crime e a interferência na colheita de provas sobre o esquema de corrupção, lavagem e desvio de dinheiro na Petrobras. Zelada será levado para Curitiba ainda nesta quinta.

De acordo com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal (MPF), após a deflagração da operação, Zelada efetuou transferências para contas bancárias no exterior. Entre julho e agosto de 2014, foram 7 milhões de euros provenientes de contas suíças, disse o MPF.O saldo milionário em contas no exterior, incompatível com a renda de Zelada, segundo as autoridades policiais, é uma prova do envolvimento de Zelada no esquema de corrupção na estatal.O procurador Carlos Fernando dos Santos Lima disse que Zelada movimentou 11 milhões de euros ilegalmente no exterior, em Mônaco, mais US$ 1 milhão para a China.“Indica continuidade de crime de lavagem e tentativa de proteção desses valores para impedir que a Justiça alcance”, disse o procurador.

SuspeitasZelada foi sucessor de Nestor Cerveró no cargo e atuou entre 2008 e 2012 na estatal. O nome dele surgiu nos depoimentos de delação premiada de outros investigados pela Lava Jato. Em depoimento à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, que cumpre prisão domiciliar no Rio de Janeiro, já tinha dito que Zelada era um dos beneficiários do esquema de corrupçãoO ex-gerente de Serviço da Petrobras Pedro Barusco afirmou que Zelada foi beneficiado à época em que era gerente geral de obras da Diretoria de Engenharia e Serviços. Todavia, Barusco não soube informar se Zelada continuou a receber vantagens indevidas no cargo de diretor da área internacional.De acordo com Barusco, Zelada era beneficiado assim como ele o ex-diretor de Serviços Renato Duque, que está preso no Complexo Médico-Penal, na Região Metropolitana de Curitiba.Barusco disse ainda que Zelada negociava diretamente com as empresas em contratos menores na área de exploração e produção. O delator também informou que repassou diretamente a Zelada R$ 120 mil. O pagamento foi efetuado, conforme o delator, em três visitas à casa do ex-diretor.Segundo o MPF, existe ainda a suspeita de que Zelada tenha recebido propina proveniente de contratos de navio sonda. “Há fortes indicativos que ele recebeu valores pela celebração de contratos de aluguel”, disse o procurador Carlos Fernando dos Santos.Além disso, segundo a investigação, auditoria da Petrobrás apontam irregularidades severas em contratos sob a responsabilidade de Zelada.

14ª faseA 14ª fase da operação, chamada de Erga Omnes, foi deflagrada no dia 19 de junho e cumpriu 59 mandados judiciais em SP, RJ, MG e RS. A operação teve como alvo as empreiteiras Odebrecht e Andrade Gutierrez e prendeu os seus respectivos presidentes - Marcelo Odebrecht e Otávio Marques de Azevedo.

Outros dez investigados, a maioria executivos das duas empresas, também foram presos na ação. Três deles tiveram a prisão temporária vencida e foram soltos. Alexandrino de Salles, executivo da Odebrecht, teve a prisão temporária convertida em preventiva.

Segundo a PF, há indícios concretos, com documentos, de que os presidentes das empresas tinham domínio completo de atos que levaram à formação de cartel e fraude em licitações, além de pagamento de propinas.

Os investigados são suspeitos de crime de formação de cartel, fraude em licitações, corrupção de agentes públicos, lavagem de dinheiro e evasão de divisas.

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