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Homem que tentou matar ex em sessão de espancamento é condenado, mas fica livre

Dez anos depois, suspeito foi julgado e responderá por crime em regime aberto

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Divulgação

Um relacionamento de sete meses que deixou marcas até hoje na manicure Ariany Evelyn SiIva Fernandes, de 29 anos. Espancada e quase morta pelo ex-namorado Marcos Cezar de Oliveira Vera, que nesta quinta-feira (23), dez anos depois do crime, foi julgado na 1ª Vara Criminal de Aquidauana – a 143 km de Campo Grande. A sensação da família de Ariany é de indignação, já que Marcos foi condenado há 2 anos e 2 meses em regime aberto.

Foram dois meses de perseguição, até o ex encontrar Ariany voltando de uma pizzaria da cidade, no dia 12 de novembro de 2009. “Eu estava em uma moto, ele em outra, quando me parou querendo conversar. Eu parei e disse que tinha outra pessoa, foi quando tudo começou”, conta a manicure. Em um brejo, as agressões tiveram início. “Ele me beijava e me mordia, dizia que me amava, mas não parava de me bater”, lembra.

Entre socos e mordidas, o homem, conforme a vítima, afirmava que iria matá-la. “Ele dava a entender que ia me matar e se matar depois”. Após 50 minutos de agressões, um mototaxista que passava pelo local, estranhou o barulho e acionou a polícia. “Quando a polícia chegou, ele ainda estava em cima de mim”, conta Ariany. O homem tentou fugir, mas foi detido pela Polícia Militar.

O ex ficou preso por cerca de 45 dias e depois aguardou o julgamento em liberdade. “Ele veio para Campo Grande, fez até faculdade. Eu já estava me recuperando e fiquei tranquila até o dia que ele voltou para Aquidauana”, afirma a jovem. Depois, para refazer a vida, a manicure se mudou para a Capital de Mato Grosso do Sul, onde hoje vive com os filhos e o marido.

Julgamento

Quase dez anos depois, nesta quinta-feira, Ariany foi ouvida no julgamento de tentativa de homicídio simples, crime pelo qual Marcos foi indiciado. No entanto, durante a sessão, que durou 10 horas, o crime foi desclassificado para lesão corporal dolosa, no júri composto por cinco mulheres e dois homens, presidido pelo juiz Ronaldo Gonçalves Onofri.

“Foi um teatro que eu vi ali e não podia fazer nada, quando as pessoas [defesa de Marcos] estavam tentando denegrir a minha imagem, dizendo que eu era garota de programa, que meu comportamento fez eu merecer as agressões, que eu era até lutadora e ele estava se defendendo de mim. Tudo mentira, é indignante”, lamenta Ariany. A família, que acompanhou o julgamento, afirma que vai pedir para defensoria recorrer na Justiça.

Em uma publicação da mãe de Ariany no Facebook, o caso tomou repercussão. “A jovem da foto é minha filha, após ter terminado com seu ex-namorado, ela foi perseguida e interceptada em um local escuro, jogada no meio de um brejo e cruelmente massacrada com socos, mordidas e joelhadas por cerca de 50 minutos”, publicou a mãe.

A mulher continuou contando que a filha desmaiou por várias vezes, até alguém chamar a polícia. “Durante a sessão de espancamento, o autor, cujo nome é público nos autos do inquérito, Marcos César de Oliveira Vera, não por acaso conhecido pelo apelido de “Huck”, tentou estrangular minha filha, quebrou seus dentes, afundava sua cabeça no brejo, dava mordidas e beijava a boca dela ensanguentada dizendo que se ela não fosse dele não seria de mais ninguém”, contou a mãe. As fotos foram publicadas no Facebook e usadas na reportagem com autorização da vítima.

Laudos comprovaram que a jovem teve lesões graves, marcas no pescoço de tentativa de estrangulamento, conforme também mostrado pelo Ministério Público durante o julgamento, afirmando ter provas suficientes da materialidade e autoria do crime. Em plenário, a defesa requereu a desclassificação para o delito de lesões corporais e absolvição do réu pela legítima defesa.

Os jurados reconheceram, por maioria de votos, a materialidade do crime, a autoria atribuída ao acusado e rejeitaram, a tentativa homicídio. Ele foi condenado pelo crime de lesão corporal dolosa, com pena de 2 anos e 2 meses em regime aberto.

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