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PMDB pretende endurecer a relação com o governo

Mesmo ala mais ligada a Michel Temer, que defende casamento com o PT, admite a necessidade de atender a demandas colocadas por grupo rebelde que fez campanha por Aécio

Antes mesmo de as urnas revelarem a vitória de Dilma Rousseff (PT) na disputa com Aécio Neves (PSDB), o PMDB já convergia na direção de mudar sua relação com o Planalto. Apesar de ser um partido dividido quando o tema é o apoio ao atual governo, mesmo a ala fiel a Michel Temer reconhece que, neste segundo mandato, as coisas têm de mudar. O vice-presidente da República tem sido o grande alicerce do apoio do PMDB ao PT e isso criou muito ressentimento numa ala do partido que o enxerga muito mais preocupado consigo do que com as demandas dos correligionários. 

Ou seja, por mais turbulenta que a relação entre PT e PMDB tenha sido no mandato de Dilma, a tendência é de endurecimento nesse segundo governo.

O próprio Temer, que reassumiu a presidência do PMDB para o esforço eleitoral, tem admitido a aliados a necessidade de mudança na relação com o PT. O PMDB pretende ser mais altivo com Dilma, a quem culpa pela falta de espaço não apenas no governo, mas também na condução eleitoral. É a velha mágoa de um partido que estava pronto para migrar para a esfera tucana em caso de vitória de Aécio exigindo mais espaço na gestão petista. O partido diz que indica ministro, mas que seus quadros ficam engessados porque Dilma não dá liberdade de nomeação nos ministérios. Isso o PMDB promete não tolerar mais e deverá retaliar.

Exatamente por isso, ondas dissidentes cada vez mais frequentes tiraram o sono da presidente e deram trabalho para o PT na construção de palanques estaduais que pudessem satisfazer o aliado e manter o casamento na esfera nacional. A tarefa foi impossível de ser viabilizada e as arestas desse processo fomentaram os principais focos de traição que hoje aguardavam a vitória tucana para atuar com mais liberdade na articulação com o eventual Aécio presidente. A derrota de Aécio em nada muda a disposição dessa ala, mais ligada ao líder da bancada na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ).

Rebeldes

Não por acaso, nesses estados rebeldes estão as maiores pontes do PMDB com o PSDB que ajudaram Aécio a dificultar a tarefa eleitoral de Dilma. Um deles é Jarbas Vasconcelos, do PMDB de Pernambuco. Lá, PT e PMDB não caminharam juntos graças à composição do partido da presidente com o PTB de Armando Monteiro. União que saiu derrotada de forma implacável. Paulo Câmara (PSB) foi eleito no primeiro turno e o PMDB emplacou Paulo Henry como vice. O PSB ainda elegeu Fernando Bezerra para o Senado. Vasconcelos tem boa relação com os tucanos e mantém inclusive laços de amizade com vários deles.

Essas pontes do PMDB com o PSDB que serviram a um propósito eleitoral no passado, deverão ser focos de radicalização com o PT de agora em diante. No Rio de Janeiro, além do líder da bancada na Câmara, tido como maior entusiasta do diálogo com os tucanos, a ponte é pavimentada pela família Picciani (o presidente do diretório fluminense do PMDB, Jorge Picciani, e seu filho, o deputado federal Leonardo Picciani, que também é presidente do diretório carioca do PMDB).

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