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Anorexia: entenda melhor o que é o distúrbio alimentar

A busca obsessiva por se encaixar nesse padrão gerou problemas graves, entre eles, distúrbios alimentares como a anorexia.

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© iStock anorexia

Sempre que olhamos revistas, séries, filmes ou novelas, vemos mulheres magras. E mais: vemos mulheres magras em posições de destaque, afinal, elas são sempre as protagonistas. Isso gera um pensamento coletivo de que nós mulheres precisamos ser magras para sermos desejadas e respeitadas. A busca obsessiva por se encaixar nesse padrão gerou problemas graves, entre eles, distúrbios alimentares como a anorexia.

O que é a anorexia? E bulimia?

A nutróloga Dra. Esthela Conde explica que a anorexia é um transtorno alimentar no qual a pessoa sofre de uma insatisfação exagerada com o próprio corpo, levando-a a uma perda de peso extrema. Geralmente, essas pessoas adotam em sua rotina dietas muito restritivas, excesso de atividade física, uso de medicamentos para emagrecer, vômitos induzidos após refeições, entre outros.

“A bulimia é um transtorno onde a pessoa tem picos de compulsão alimentar seguidas de tentativa exagerada de emagrecimento como indução de vômitos, uso de laxantes, termogênicos e etc”, esclarece a equipe de nutrição do Spa Kurotel. “Diferente da anorexia, a pessoa não consegue ficar sem comer, levando à compulsão”, completa Dra. Esthela. A pessoa se sente culpada por ter ingerido tantas calorias e por isso se força a vomitar.

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Divulgação

Além disso, segundo a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a anorexia e a bulimia são transtornos alimentares caracterizados por distorções da imagem corporal. A garota pode estar magra, mas continua se enxergando como acima do peso. Ela impõe a si mesma um “peso ideal”, “imagem ideal” que são irreais, muito abaixo do considerado saudável.

“Me acho gorda”

Reclamar do pneuzinho que salta da calça jeans é normal e a gente faz direto. A questão é quando todos os seus hábitos mudam por isso. Meninas anoréxicas ficam obcecadas por exercícios físicos (algumas chegam a malhar até de madrugada), fiscalizam a quantidade de óleo que a mãe coloca na comida e cortam alimentos importantes de suas refeições por conta própria. Até mesmo a rotina delas mudam quando, por exemplo, elas deixam de sair com as amigas porque isso atrapalhará a dieta.

Entenda: boa parte da forma como você se sente em relação aos outros vem de questões sociais. Quando julgamos alguém pela sua aparência, é porque fomos ensinados a padronizar as coisas como “bonito” e “feio”, “certo” ou “errado”. Mas, por sorte, isso tem mudado aos poucos e cada vez mais temos uma aceitação maior das diferenças. Contanto que você esteja bem de saúde, não tem problema nenhum em estar gorda. E esse ódio contra pessoas gordas é algo muito feio e tem nome: gordofobia.

Obsessão pela magreza

Sobre os motivos que levam a comportamentos que se enquadram no quadro de anorexia, a psicóloga Lia Clerot explica que a pressão para estar nos padrões ditados pela mídia e para ser aceito em rodas sociais, leva o indivíduo a se exigir cada vez mais, não se importando se essas práticas são saudáveis ou não. “Quem sofre com transtorno alimentar costuma ter uma insatisfação crônica com a própria imagem, ou seja, nunca está satisfeito com o próprio corpo e por isso recorre a dietas rigorosas, vômitos ou até exagerar em atividades físicas”, completa.

A nutróloga Dra Esthela Conde explica que nenhuma obsessão é considerada saudável, ou seja, não existe um padrão considerado normal. Mas podemos perceber que uma dieta está entrando numa fase de alerta quando a pessoa começa a apresentar atitudes como:

Preocupação excessiva com o que está ingerindo;

Deixar de comer se não tiver exatamente aquilo que ela está disposta a comer;

Preocupação excessiva com aparência;

Hábito exagerado de se pesar;

Hábito exagerado de se olhar no espelho;

Redução da vida social e afetiva por medo de sair para lugares em que haja comida.

Influência das mães

Para as nutricionistas Mara E. Lucia dos Santos e Alessandra P. Fernandes, isso pode ser um problema: “A referência feminina da garota normalmente é a sua mãe. Logo, angústias e preocupações excessivas são naturalmente transmitidas”. Além disso, algumas mães podem cobrar suas filhas a se manterem dentro do peso que julgam como ideal. Se esse é o seu caso, é importante conversar com ela e mostrar o quanto isso pode te afetar negativamente.

Dietas e mais dietas

Quem nunca ouviu falar de uma dieta milagrosa que promete fazer você emagrecer em poucos dias? Segundo a equipe de nutrição do Kurotel, elas são, normalmente, mega restritivas em calorias e nutrientes, com o objetivo de corresponder às expectativas sociais de magreza e fogem do que é considerado correto. “Uma alimentação saudável é composta por frutas, hortaliças, cereais integrais, sementes, leguminosas, ovos e proteínas presentes nas carnes brancas (quem é vegetariano precisa substituir)”, esclarecem.

E os efeitos das dietas restritivas são bem claros. “Uma alimentação deficiente em nutrientes ou restritiva em calorias, pode gerar um desequilíbrio metabólico, favorecendo a redução da massa magra (músculos) e o surgimento de sintomas tais como: cansaço, fadiga, queda de cabelo, unhas fracas, sonolência diurna, insônia, alterações no sistema digestório e no humor (irritabilidade e ansiedade)”, comenta a equipe.

A nutróloga Dra. Esthela diz ainda que apenas um nutricionista pode recomendar uma dieta, levando sempre em conta o biotipo e estilo de vida de cada pessoa. “Uma dieta pode ser avaliada sobre vários aspectos, como quanto a quantidade de macro e micronutrientes, se está adequada e individualizada para tal pessoa, se existiu uma preocupação com saúde quando ela foi elaborada e não apenas com questões estéticas”, comenta. Ou seja, nada de seguir essas “dietas da moda”, ok?

Tratamento

Os nutricionistas do Kurotel explicam que “o tratamento indicado para transtornos alimentares envolve tanto a parte clínica como a emocional. O ideal é que haja uma equipe multidisciplinar, que inclua médico clínico, médico psiquiatra, nutricionista, psicoterapeuta individual e psicoterapeuta de grupo ou familiar. Segundo alguns estudos científicos, os procedimentos de tratamento baseados no enfoque cognitivo e comportamental têm provado serem mais eficazes para o tratamento da anorexia e bulimia.”

Deixando os padrões para lá

Ok, você sabe que essa cobrança exagerada com a sua alimentação e o seu corpo fazem mal, mas como deixar tudo isso de lado se já é tão intrínseco em nossa sociedade? “A questão do padrão ainda é muito forte, não podemos pensar que isso foi construído neste século, na verdade sempre existiu! O mais importante é entender o que está por trás dessa exigência exacerbada. Será que não é uma grande máquina financeira querendo sempre mostrar pra nós mulheres, jovens, meninas que sempre precisamos mudar algo para sermos aceitas, ou comprar algo, ou tomar algo?!”, comenta a psicóloga Lia Clerot.

O mais grave de tudo isso, são os efeitos que toda essa compulsão e cobrança podem trazer. “A palavra obsessão já indica uma alteração psíquica, ela não é saudável, não traz tranquilidade, nem paz interior, mas sim tristeza, cobrança exacerbada, e com isso, podem achar que estão sempre aquém da sociedade. E com a mente debilitada, o corpo também fica”, completa a especialista.

Resistência é a palavra para conseguir fugir de tudo isso. Pode ser difícil amar a si mesma do jeito que você é, mas não se pode desistir, esse deve ser um objetivo diário. “Exercite a autoconfiança, autoamor e autoconhecimento! A melhor maneira de desenvolver essas isso é respeitando, aceitando e amando suas limitações, seu corpo, sua mente. Sempre mantendo o foco em suas qualidades e em seu potencial”, aconselha Lia.

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