Publicado em 29/12/2018 às 12:23, Atualizado em 29/12/2018 às 15:25

Assembleia fará audiência sobre retenção de macas das ambulâncias

Intenção é reunir os órgãos de saúde para buscar uma solução a este impasse na Capital

Leonardo Rocha, CGNews
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Ambulancia de Sidrolândia com maca retida em Campo Grande

Depois da repercussão estadual e nacional, a comissão de saúde da Assembleia vai promover uma audiência pública sobre a “retenção de macas de ambulâncias”, que está ocorrendo em Campo Grande, devido a falta de estrutura e leitos em unidades de saúde da cidade. A intenção é buscar uma solução para o problema, que está atrapalhando os socorros.

O deputado Paulo Siufi (MDB) explicou que serão convidados o secretário municipal de Saúde, Marcelo Vilela e o titular da pasta estadual, Carlos Coimbra, além de representantes do Corpo de Bombeiros, Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), MPE (Ministério Público Estadual), e MPF (Ministério Público Federal). O evento vai ocorrer na sexta-feira (30), a partir das 14h30.

A expectativa é que nesta reunião conjunta se encontre soluções para este problema, que está afetando os socorros e evidencia a falta de estrutura e leitos nas unidades e hospitais. Ele inclusive sugere que se faça um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) entre o Ministério Público e os órgãos que tratam do setor.

“Vamos chamar todos os envolvidos com a questão. Espero que a contribuição da Assembleia seja para forçarmos o empenho dos governantes e administradores. É inaceitável que vidas deixem de ser atendidas pelas unidades móveis, porque os hospitais estão retendo as macas de ambulância”, disse Siufi, que é o presidente da comissão de Saúde.

Atendimento - O parlamentar citou que o “tempo de atendimento” das ambulâncias, que segundo ele, está “dilatado” em relação ao normal. “Com o leito retido, não tem o socorro que pode salvar vidas ou diminuir sequelas. Pode ter certeza, se alguém aqui precisar do socorro, vai passar pela mesma situação e não vai conseguir vaga”.

Ele ainda citou que existe uma lei municipal, desde 2012, que proíbe a retenção de macas das ambulâncias pelos hospitais. “O orçamento do governo federal para a saúde é de 4% e do município é de no mínimo 15%. Precisamos discutir a distribuição dessa receita e analisar a saída dos municípios”, sugeriu José Carlos Barbosa (DEM).

Dados – Entre 26 de setembro e 25 de outubro deste ano, o Corpo de Bombeiros registrou em Campo Grande 102 casos de retenções de macas em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e CRSs (Centros Regionais de Saúde), que concentram atendimentos de urgência e emergência na cidade.

A situação, causada pela impossibilidade de deixar pacientes nos locais, também mantêm presas equipes de resgate por períodos que variam de 20 minutos a até 12 horas, conforme contabilizado pela corporação.

A situação, porém, não é exclusividade dos bombeiros. A Prefeitura de Campo Grande informou que o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) também é vítima do problema, condicionado à “incapacidade física momentânea da unidade de saúde em absorver esse paciente, ou seja, por falta de leitos”.

No período acompanhado pelos bombeiros em que houve 102 casos de retenção de macas, foi realizado também um levantamento sobre os gargalos no setor. A “campeã” é a UPA Leblon, que registrou 23% dos casos. Somando-se o tempo de retenção, chega-se a um tempo de 95 horas –exatos três dias, 23 horas e 40 minutos.