Buscar

Brasil deve receber 15 milhões de doses de vacina de Oxford até fevereiro, diz Pazuello

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (2) que Brasil vai receber 15 milhões de doses da vacina do laboratório AstraZeneca

Cb image default
Divulgação

O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira (2) que Brasil vai receber 15 milhões de doses da vacina do laboratório AstraZeneca, produzida em parceria com a Universidade de Oxford, até fevereiro de 2021. A declaração foi feita durante uma reunião da comissão mista de enfrentamento à covid-19, do Congresso Nacional.

Pazuello destacou também que será importada tecnologia para que o país tenha capacidade de produzir as vacinas de forma autônoma já no segundo semestre de 2021. Segundo o plano apresentado pelo ministro, o Brasil terá até o fim do ano que vem mais de 200 milhões de doses entre as compradas pelo governo e produzidas internamente.

Pazuello foi convidado à comissão para dar explicações sobre os quase 7 milhões de testes de covid-19 estocados em Guarulhos que estão prestes a ultrapassar a data de validade, sem serem encaminhados para a rede pública de saúde.

Ao falar sobre os testes que perderão a validade, Pazuello defendeu que a testagem no Brasil está sendo feita de forma adequada. Segundo ele, a não distribuição do material de testagem estocado em Guarulhos ocorreu por motivos de queda na demanda dos estados, na fase de desaceleração das infecções. Ele defendeu que a pasta tem capacidade de atender o que for "necessário" aos estados e disse que "essa é a grande logística. Ter a capacidade de atender o que lhe é demandado e não apenas empurrar quantitativos pra frente no processo".

O ministro deixou a reunião por volta das 10h30, seguindo para um compromisso no Planalto. A sua equipe prosseguiu com os parlamentares dando explicações sobre o planejamento logístico de distribuição dos teste. Para o grupo, assim como afirmou Pazuello, as demandas dos estados foram atendidas, e quanto aos insumos estocados, eles apontam que foi solicitado um estudo de extensão do prazo de validade e o pedido foi encaminhado à Anvisa.

O deputado Esperidião Amim (PP-SC) questionou se de fato houve um atendimento das demandas dos estados e municípios. Ele citou que muitos governos locais adquiriram testes por preços muito mais altos do que aqueles que foram adquiridos pelo Governo Federal.

O deputado da oposição Reginaldo Lopes (PT-MG) criticou o negacionismo do presidente Jair Bolsonaro e acusou o governo de má gestão dos recursos encaminhados para o enfrentamento da pandemia. A equipe do ministério rebateu as críticas afirmando que o planejamento do governo tem sido pautado pelo "respeito à ciência, com planejamento e compromisso com o país".

Tido como um expert em logística, o general Eduardo Pazuello, terceiro ministro da Saúde do país desde o início da pandemia, tem sido criticado pelos erros cometidos exatamente na sua área de especialização. Falhas na distribuição podem levar à perda de 6,86 milhões de testes para covid-19. A frouxidão dos mecanismos de segurança cibernética possibilitou o vazamento de dados de milhões de brasileiros e privou a comunidade científica, gestores e a população de acessar, durante várias semanas, as estatísticas sobre a evolução da pandemia.

As ações tomadas pelo Ministério da Saúde têm sido muito criticadas por especialistas nacionais e estrangeiros. Com o registro oficial até o momento de quase 174 mil óbitos, o Brasil adotou uma abordagem marcadamente ideológica e anticientífica da questão.

O presidente Jair Bolsonaro minimizou o problema, comprou briga com a China (maior fabricante de insumos contra o novo coronavírus), desdenhou a dor das famílias atingidas (“país de maricas”), incentivou aglomerações, é inimigo declarado do uso de máscaras (medida preventiva essencial) e chegou a lançar uma campanha de propaganda (suspensa pelo Supremo Tribunal Federal, STF) para estimular as pessoas a trabalharem normalmente e não fazerem isolamento social, como preconiza a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Já Pazuello tem sido retratado por parlamentares da oposição e por técnicos e gestores da área de saúde como um ministro que está no cargo pela subserviência às orientações do presidente. Além de tornar política oficial contra a covid-19 o uso da cloroquina, contrariando insistentes manifestações em contrário da OMS, o ministro aceitou alterar a metodologia na divulgação de dados, outro fato rechaçado pelo Supremo.

Enquanto a Inglaterra começa neste mês a vacinar sua população, o Ministério da Saúde brasileiro sequer divulgou o plano de imunização. Apresentou apenas definições preliminares, recebidas com profunda preocupação por gestores estaduais e municipais de saúde. Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do ministério, Arnaldo Medeiros, a vacinação começará apenas em março mas alcançará no ano que vem somente 80 milhões de brasileiros, ficando o restante da população para ser vacinada somente em 2022.

Comentários

Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.