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Esposa doa rim para marido em MS: 'agora ele tem um pedaço de mim'

Marido esperava por órgão na fila de transplante por rim há 4 anos. Casal não imaginava que seria compatível e agora comemora vida nova

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Gabriela Pavão/ G1 MS

A espera de 4 anos na fila de transplantes chegou ao fim nesta semana para Lino Omar Castilho Mendes, 53 anos. Ele recebeu um rim doado pela esposa Nídia Maria Narde Castilho Mendes, 51 anos, e se declarou para a mulher durante entrevista ao G1 nesta quinta-feira (12).

"Sai do CTI, cheguei no quarto e encontrei ela, o amor da minha vida", disse olhando para a esposa dois dias depois da cirurgia, que marcou a retomada dos transplantes renais em pacientes vivos em 2017. "Agora ele tem um pedaço de mim. Estamos mais ligados e mais próximos do que nunca", respondeu a doadora para o marido.

Em 20 anos de união, o casal compartilhou momentos, experiências e durante quatro dias também compartilhou um dos quartos na ala de transplantados da Santa Casa de Campo Grande. Desde segunda-feira (9), eles ficam lado a lado, cada um em um leito. A cirurgia foi na terça-feira (10) e dois dias depois a doadora teve alta médica e voltou para a casa, enquanto o marido deve ficar mais alguns dias ainda no hospital.

Caso raro

Lino esperava por um doador na fila de transplantes quando o casal decidiu fazer os exames de compatibilidade. Eles não esperavam que fosse dar certo logo com a esposa.

"Nem nós nem os médicos porque não é muito comum pessoas que não vieram da mesma família ter essa compatibilidade, esse encaixe de estrutura física e orgânica. Então, foi uma surpresa para a gente", explicou Nídia.

Por isso, o caso é considerado atípico para pacientes vivos, segundo a nefrologista, Rafaela Campanholo Grandinete. O marido é tipo sanguíneo A+ e a esposa O+, por isso, ela pode doar para qualquer outro tipo sanguíneo e em casos de transplantados vivos os critérios de compatibilidade são mais exigentes, diferente do que acontece quando o doador já morreu.

Hipertensão e diabetes foram as causas da insuficiência renal de Lino, que agora tem três rins no corpo, sendo dois sem função e o doado pela esposa. O casal aproveita a experiência para incentivar a doação de órgãos em vida também.

"As pessoas ainda têm muito receio de fazer doação e de imaginar que tudo é tranquilo e bem feitinho. Essa é uma oportunidade pra gente falar o quanto é tranquilo doar um órgão. Sem contar que acaba sendo uma pessoa a menos que precisa de um tratamento, é um custo menor do dinheiro público, fora a qualidade de vida para quem recebe. É uma angústia ficar esperando", lembrou a esposa.

Lino espera se recuperar o quanto antes do procedimento e já faz planos para o futuro com a esposa.

"A gente fica querendo fazer rápido porque tem ideias de viajar de sair, mas não podia porque tinha que carregar máquina de hemodiálise, o soro, e agora não, vamos poder aproveitar a vida de novo, fazer planos, tudo no seu tempo depois da recuperação com a ajuda da esposa enfermeira particular", brincou Lino.

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