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Estresse após Festas pode culminar em depressão e até infarto

Segundo a psicóloga Marilene Kehdi, especialista em atendimento clínico, é comum termos depressão nesta época.

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Free Photos/Pixabay

O período entre as Festas e o começo do novo ano pode desencadear depressão e até afetar fisicamente o coração, especialmente em tempos de pandemia. Mas, após as dificuldades de 2020, é possível fazer um balanço emocional e espiritual, evitando a frustração por não ter conseguido alcançar algumas metas e mantendo a esperança para 2021?

Segundo a psicóloga Marilene Kehdi, especialista em atendimento clínico, é comum termos depressão nesta época. “Algumas pessoas tendem a desenvolver a síndrome de fim de ano, apresentando alguns sintomas físicos e psicológicos”, explica, citando tristeza, melancolia, angústia, frustração, ansiedade, culpa, insônia e alterações no apetite.

Ela acredita, porém, que podemos nos manter otimistas. “O fim de ano simboliza o encerramento de um ciclo e o início de outro, o que leva a reflexões”, pondera Marilene. “E algumas pessoas são muito exigentes consigo mesmas, muito autocríticas. Nessas reflexões, veem apenas o que não conseguiram realizar, o que leva a sentir tristeza e sentimento de frustração.”

Para a especialista, é preciso valorizar todas as conquistas –por menores que sejam– e sempre respeitar os próprios limites. “Cada esforço e passo dado rumo à realização dos seus objetivos devem ser valorizados. Manter a esperança e o otimismo é fundamental.”

Algumas dicas podem ser seguidas para tentar se manter em alto astral. “Reflita sobre os seus objetivos e metas e reconheça que alguns levam mais tempo para serem realizados e exigem maior dedicação”, observa. “E, por isso, não devem figurar na lista de insucessos e, sim, na lista de metas para o próximo ano.”

Marilene lembra que vivemos um ano muito difícil devido à pandemia, ainda colhendo as consequências. “Portanto, o que cada um conseguiu realizar, por menor que seja a conquista, já é uma vitória a ser comemorada. Diariamente, exercite a resiliência. Pratique o autoconhecimento. Acredite em você e mantenha o foco.”

A psicóloga diz que a síndrome de fim de ano pode ser desencadeada por vários motivos e que, quando a tristeza e outros sintomas psicológicos e emocionais são intensos e persistentes, é necessário buscar ajuda especializada. Isso porque, no caso de diagnóstico de depressão, um tratamento médico e psicológico é imprescindível.

Cuidados com o coração

O cardiologista intensivista Iran Gonçalves Junior, que integra o corpo clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, é chefe do pronto-socorro de cardiologia do Hospital São Paulo e coordena a residência de cardiologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), aponta que esse período está relacionado a um aumento do número de infartos, arritmias e morte de origem cardíaca, de acordo com diversos estudos.

“Essas informações foram levantadas em grandes bancos de dados da Europa e dos Estados Unidos e ainda não há uma explicação única ou um único fator que explique os achados”, afirma.

O médico enumera, porém, algumas das causas já apontadas:

– Mudanças nos hábitos alimentares e aumento da ingestão de bebidas alcoólicas;

– Demora em procurar atendimento médico, já que muitos sintomas de problemas cardíacos são parecidos com quadros gastrointestinais (como náuseas, vômitos e dor na região do estômago) e com outros considerados pelos pacientes como resultado do “excesso” da véspera (como cansaço, sudorese e tontura);

– Alteração na prática de atividades físicas, seja pelo clima frio (conforme os estudos do Hemisfério Norte), seja pelo acúmulo de festividades;

– Piora de doenças cardíacas ou pulmonares pré-existentes nos estudos feitos em países de clima frio.

No entanto, para o cardiologista, o estresse também é um desses “vilões” das Festas. “Muitos indivíduos sentem-se pressionados por serem obrigados a encontrar pessoas e parentes dos quais não simpatizam, revivem problemas antigos, sentem-se na obrigação de aparentar felicidade incontida”, diz. “É uma época em que muitas pessoas fazem uma crítica severa de si mesmos e dos outros em relação ao ano que passou. Alguns não veem sentido nas festas e confraternizações que são compelidos a participar.”

Ele alerta que o estresse desencadeia uma série de reações hormonais que aumentam a pressão arterial e a frequência cardíaca, modificando a composição do sangue. “Essas reações sobrecarregam o sistema vascular e predispõem fenômenos trombóticos que levam ao infarto.”

Portanto, lembrando que 30 de janeiro é celebrado o Dia da Não Violência, o ideal é tentar trazer calma já para o início do ano. Para o médico, o segredo é evitar os excessos e manter um estado mental e emocional pacificado, por mais difícil que pareça.

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