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Impacto da vacina: quanto tempo leva para pandemia ser controlada

Números de casos de covid-19 continuam subindo e primeiro impacto da vacinação será na redução de hospitalizações e mortes

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Divulgação

Quando Margaret Keenan recebeu, em 8 de dezembro de 2020, a primeira dose da vacina Pfizer/BioNTech, contra a covid-19, o relógio da esperança começou a andar. Uma esperança que nasceu para ela, que, sentada na confortável poltrona azul, esboçava um sorriso de menina, aos 91 anos, e um semblante alegre que dava cor à flacidez suave de sua pele.

Uma esperança que se espalhou também por toda a humanidade, ansiosa por essa luz no fim do túnel, essa primeira peça de um gigantesco dominó que, no entanto, ao que tudo indica, começou a ruir. Margaret inclusive já recebeu a segunda dose, no último dia 29. Cerca de outros 50 países já iniciaram a vacinação.

O Brasil deverá iniciar em janeiro, mais tardar em fevereiro. Enquanto isso, a humanidade vê os números subirem novamente, atônita, à espera de que comecem a ser percebidos os primeiros impactos, nessa corrida contra o tempo.

A previsão é que, onde a vacina for aplicada, os resultados não demorem a aparecer, conforme afirmou o infectologista Renato Kfouri, primeiro-secretário da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações). Mas ele ressalta que o número de casos não será o primeiro a ser reduzido.

"O primeiro impacto a ser notado vai ser a redução de hospitalizações e mortes. Como vão ser vacinados primeiro as pessoas mais vulneráveis e da saúde, o que se espera não é a diminição da doença como um todo, nem redução do número de casos totais mas sim redução de hospitalizações e mortes que são dos grupos mais vulneráveis esses resultados vão começar a aparecer em geral uma semana ou duas após a segunda dose", diz Kfouri.

Esse período entre a primeira e a segunda doses ocorre em geral com um prazo mínimo de 21 dias, conforme afirma Tomás Orduna, da Universidade de Buenos Aires, e um dos maiores especialistas da Argentina, podendo até ser esticado em várias situações. Ele ressalta que, já após a primeira dose, há uma porcentagem alta de imunizações, em torno de 80%. Mas os cuidados devem ser mantidos, principalmente até que venha a segunda dose, como reforço.

De qualquer maneira, o prazo de 15 dias é o estimado para, após a segunda dose, a vacina apresentar toda a eficácia observada nos testes. Isso significa que, na Argentina, por exemplo, que começou a vacinação em dezembro e ministrará a segunda dose no fim de janeiro, o impacto já poderá ser sentido em fevereiro. Iniciando em janeiro, o primeiro impacto no Brasil poderia ser sentido de meadeos de março a abril.

"Começando em fim de dezembro, agora esperamos acelerar com a chegada de mais vacinas para cobrir grupos, o resultado pode ser visto em pouco tempo, dependendo da população vacinada. Desta forma, para feveveiro, princípio de março estaremos vendo o primeiro reflexo disto, que é a menor quantidadde de equipes de saúde infectadas e de pessoas de risco infectadas. Com isso, havará menor quantidade de pessoas que requerem UTIs e respiradores já que o primeiro objetivo é vacinar pessoas de risco e de grupos de saúde", observou.

Redução de casos

Conforme a vacinação for se abrindo para outros setores da sociedade, os casos começarão a diminuir. Até que, cerca de duas semanas depois de se atingir 70% da população vacinada, a pandemia seja controlada no local. Para explicar essa queda, Orduna utiliza um termo que se tornou muito conhecido, mas que somente agora tem a possibilidade concreta de se realizar: a imunidade de rebanho.

"Recordemos que é necessário, em algum momento, poder chegar àquilo que é a imunidade de rebanho, para o qual a medida é de ao redor de 70% da população vacinada, não importa se é no Brasil, Argentina, Estados Unidos ou Israel. 70% de toda a po deveria estar vacinada para que possamos ver replicada depois a imunidade de rebanho, que é a dificuldade de continuar a transmissão do patógeno, já que o vírus transmitido entre seres humanos custará a encontrar pessoas suscetíveis, quando essa marca é atingida", destaca.

"O número total de habitantes imunes está relacionado à porcentagem da população vacinada. O Brasil, com 200 milhões de habitantes, se for vacinado 10% da população é uma coisa. Já no Uruguai, esses 20 milhões (10% no Brasil), singificariam que a população inteira do país estaria vacinada. Também depende da faixa etária populacional. Vacinar os idosos em um país mais jovem, como o Brasil, provavelmente é diferente de vacinar em um país na Europa onde a porcentagem de indivíduos de 60, 65 anos é muito maior. Isso também influencia no número", afirma.

"Com o acumular de vacinados, vamos poder observar aí sim a redução de casos, de transmissão e o número total da doença cairá". Será o momento em que todas as pessoas poderão dividir a mesma alegria e ser, por um instante, um pouco Margaret Keenan.

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