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Médico de Curitiba cria técnica que preserva fertilidade de pacientes com câncer

Ao deslocar útero e ovários da região do ventre para acima do umbigo, técnica protege os órgãos dos danos do tratamento radioterápico e a fertilidade da mulher

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Divulgação

A possibilidade de gerar um filho é uma das principais dúvidas das mulheres depois que recebem o diagnóstico de um câncer na região do ventre. Se precisar de um tratamento por radioterapia, então, a dúvida se torna certeza: o tratamento as torna inférteis. Um médico de Curitiba, no entanto, descobriu uma forma de reverter essa certeza e transformá-la em esperança para quem deseja carregar o filho.

“É difícil explicar”, começa Reitan Ribeiro, cirurgião oncológico, com experiência em cirurgias minimamente invasivas, do hospital Erasto Gaertner, ao lembrar como surgiu a ideia de transpor o útero e os ovários da região do ventre e afixando-os na parede do abdômen, bem acima do umbigo.

“Na verdade, já fazíamos outras cirurgias parecidas, como a transposição dos ovários, ajudando a preservar a função hormonal da mulher. Então surgiu uma paciente que se encaixou nos critérios, eu expliquei o procedimento novo, ela aceitou e associamos a relocação dos ovários com o útero”, conta Ribeiro.

Através de quatro cortes pequenos, um de 1 centímetro e os demais de 0,5 centímetro, Ribeiro consegue fazer essa manobra laparoscopicamente, procedimento minimamente invasivo. Com a ajuda de pontos, o útero e os ovários ficam presos ao abdômen e ao umbigo – que tem um papel fundamental durante o período de 30 a 60 dias em que os órgãos ficarão por ali.

“A função dos órgãos permanece igual, inclusive a menstruação, que sai pelo umbigo. Fazemos um canal comunicando o fundo do umbigo com onde está o útero, por isso que se menstrua por ali. Isso também permite, depois da cirurgia, que o médico veja como está o útero”, explica o cirurgião oncológico.

Boas chances de engravidar

A cirurgia, que faz parte de um protocolo de pesquisa do hospital oncológico Erasto Gaertner, visa proteger e manter as funções dos ovários e útero. No caso dos primeiros, os hormônios estrogênio e progesterona continuam a ser produzidos, prevenindo a menopausa precoce. E o útero, à salvo em outra região do corpo, pode gerar um bebê depois do tratamento – ou esse é o objetivo.

“À princípio as funções permanecem iguais e essa é justamente a pesquisa do Erasto. Por enquanto o que temos visto é que permanece normal”, explica o médico.

O cirurgião oncológico lembra, porém, que a cirurgia é indicada apenas às pacientes diagnosticadas com cânceres na região do ventre, mas que não sejam no útero ou nos ovários. Da mesma forma, devem ter a indicação do tratamento radioterápico. No caso da quimioterapia, embora a medicação afete todo o organismo, não há impedimento para uma futura gestação.

Dos demais critérios, as pacientes devem ter menos de 40 anos e o desejo de engravidar. Não podem, também, ter outras causas de infertilidade e, para isso, passam por exames que indicam essa preservação da função.

Um dos cânceres que podem indicar o tratamento cirúrgico é o câncer do colorretal. No Brasil, mais de 17 mil mulheres foram diagnosticadas com o câncer coloretal no ano passado, de acordo com informações do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

Quero me candidatar

Acha que se qualifica para a cirurgia ou conhece alguém que passe pelos critérios? Entre em contato com o hospital através do e-mail [email protected] ou pelo telefone (41) 3361-5086. Lá, fale com a Nathalia Carneiro, enfermeira de pesquisa em Ginecologia Oncológica do hospital.

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