Publicado em 24/09/2015 às 09:52, Atualizado em 26/10/2016 às 13:09

Médicos residentes do SUS param por 24 horas em Curitiba

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Médicos residentes que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) dos hospitais de Curitiba fazem uma paralisação de 24 horas. Serão realizados apenas os atendimentos emergênciais. Até o momento são afetados os trabalhos do Cajuru e Santa Casa de Misericórdia. A paralisação faz parte de uma mobilização nacional organizada pelo Movimento Nacional de Valorizaão da Residência Médica, lançado pela Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR). 

A Secretaria de Ensino Superior do Ministério da Educação (MEC) e a Associação confirmaram a paralisação de cerca de 30 mil médicos residentes que atuam no SUS. Apesar da greve, pelo menos 30% dos residentes vão continuar com as atividades para garantir o atendimento emergencial aos pacientes.

A medida já havia sido decidida quando foi criado o Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica, lançado pela ANMR no dia 27 de agosto, durante o VI Fórum Nacional de Ensino Médico realizado por entidades médicas. Desde então foi dado prazo de resposta para que o governo apresentasse respostas às nove pautas colocadas pelo movimento. Após este prazo, a avaliação da entidade é que apenas três reivindicações tiveram algum avanço, número ainda insuficiente para garantir a qualidade da Residência Médica no país.

“Nós iniciamos o diálogo com o governo em outubro do ano passado, e só depois de muito esforço da nossa parte é que conseguimos algum contato. Independentemente das negociações, a paralisação tem a intenção de conscientizar a população e os próprios médicos sobre a importância da residência médica. É o padrão ouro na formação de especialistas no mundo inteiro, não só no Brasil, mas infelizmente não vemos esforço do governo para garantir essa qualificação”, comenta Arthur Danila, presidente da ANMR.

A paralisação acontecerá em diversas cidades brasileiras, sendo acompanhada também por manifestações. Em São Paulo, por exemplo, como forma de protesto a AMERESP (Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo), em parceria com a ANMR, vem mobilizando diversos médicos residentes para doação de sangue nos hemocentros do estado de São Paulo, até o dia 30 de setembro. A ação acontece na capital paulista, Santos, Taubaté e Limeira.

“Nosso movimento tem como maior foco valorizar a qualidade da residência médica, pois isso vai ser revertido em um atendimento de alto nível à população brasileira, que é a nossa maior preocupação”, conclui Arthur.?Próximas EtapasEm outubro, o movimento deverá se reunir com representantes do Governo Federal para dar prosseguimento às negociações, casos do Ministério da Educação, Ministério da Saúde, Ministério da Previdência Social, Ministério do Planejamento e Gestão, bem como o Conselho Nacional de Secretários de Saúde, Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde e Federação das Santas Casas de Misericórdia.

Paralisação dos Médicos ResidentesApós a promulgação da Lei do Mais Médicos nº 12.871, de 2013, a residência médica passou por transformações que comprometem profundamente sua qualidade. A situação se agrava a cada dia quando se associa ao desmanche político da residência médica com o corte de verbas do SUS.

As pautas e objetivos do Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica são:

1) Aumento da representação das entidades médicas na composição da CNRM e fim da câmara recursal, o que restabelecerá um espaço democrático para discussão e deliberação da residência médica;

2) Fiscalização imediata de todos os programas de residência do país para garantir a qualidade destes, antes da abertura de novas vagas. A fiscalização deverá ser realizada por médico de especialidade correspondente ao programa e representante dos médicos residentes, afinal, se há programas que hoje já estão em condições precárias, é necessário melhorá-las antes de se abrirem novas vagas;

3) Revisão completa do texto do Decreto nº 8.497, de 4 de agosto de 2015, para garantir que a Residência Médica permaneça como padrão ouro de formação de especialistas, assegurando que o especialista seja bem formado para atender a população brasileira no SUS;

4) Levantamento dos cortes orçamentários e suspensão destes em todos os serviços (hospitais, unidades básicas de saúde etc.) em que atuam médicos residentes, pois a falta de orçamento reduz gravemente a quantidade e a qualidade do atendimento à população do SUS;

5) Plano de carreira e de valorização para os Médicos Preceptores, com inclusão de remuneração adequada, desenvolvimento continuado e tempo exclusivo para atividades didáticas, para que possam ensinar melhor os futuros profissionais que atenderão a população no SUS;

6) Plano de carreira nacional para médicos do SUS com garantia de remuneração adequada, progressão de carreira, desenvolvimento profissional e educação continuada, aumentando a chance de fixar médicos nos locais de pouco acesso da população à saúde no SUS;

7) Fim imediato da carência de 10 meses para que médicos residentes possam usufruir de seus direitos junto ao INSS;

8) Cumprimento da legislação vigente sobre residência médica com a garantia do auxílio moradia;

9) Isonomia da Bolsa de Residência Médica com bolsas oferecidas por outros programas de ensino médico em serviço do Governo Federal como PROVAB e Mais Médicos. A complementação deverá ser realizada com recursos dos Ministérios da Educação e Saúde para não onerar as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde