Publicado em 20/02/2020 às 07:21, Atualizado em 20/02/2020 às 11:25

Melanoma: 'Perdi uma orelha por causa do meu vício em bronzeamento artificial'

Anthea Smith usou câmaras de bronzeamento desde os 14 anos. Exposição a raios UV aumenta risco de câncer de pele.

BBC,
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A amputação do ouvido fez Anthea Smith ficar surda de um lado e ter problemas de equilíbrio — Foto: BBC

"Ninguém deveria passar pelo que estou passando. E tudo isso por um bronzeado." Anthea Smith, uma mulher de 44 anos de Bolton, cidade no noroeste do Reino Unido, não esconde seu arrependimento pelas escolhas que a levaram a perder, há alguns anos, toda sua orelha esquerda.

Após usar câmaras de bronzeamento com frequência desde os 14 anos, Smith desenvolveu um melanoma, tipo de câncer de pele, na orelha. Foi necessária uma amputação para evitar que o câncer se espalhasse por seu corpo.

"Me sinto muito culpada em relação ao meu marido e meus filhos, porque é uma coisa que eu fiz para mim mesma", disse ela à BBC. "Eu não conhecia os riscos."

Smith foi operada duas vezes em 2015. Na primeira, teve a parte externa do ouvido retirada. "Na segunda, retiraram meu ouvido interno, o ouvido médio, as glândulas salivares do lado esquerdo e todos os meus nódulos linfáticos", conta.

Além da surdez resultante do lado esquerdo, a retirada do ouvido também trouxe a ela problemas de equilíbrio.

Smith reconhece que a obtenção de um bronzeado perfeito se tornou uma obsessão.

"Fiquei viciada em me bronzear, em estar sempre bronzeada. Eu usava principalmente as câmaras de bronzeamento artificial, porque os resultados eram mais rápidos", diz,

Ponto vermelho

Smith notou pela primeira vez um ponto vermelho na orelha em 2010.

Segundo ela conta, seu médico não deu muita atenção no problema até que finalmente, em 2015, uma biópsia revelou que ela tinha um melanoma em estágio 3.

Apesar dos exames mais recentes mostrarem que ela está livre da doença, ela ainda vive com medo de que essa forma agressiva de câncer de pele volte.

O melanoma é o tipo mais grave de câncer de pele e pode se espalhar por outros órgãos do corpo.

Ele se forma nas células que produzem a melanina, o pigmento que dá cor à pele.

O sinal mais comum de melanoma é a aparição de uma pinta nova ou a mudança em uma pinta já existente.

O melanoma pode aparecer em qualquer parte do corpo, mas as áreas mais comuns são nas pernas para as mulheres e nas costas para os homens.

Na maioria dos casos os melanomas têm uma forma irregular e mais de uma cor. A pinta também pode ser maior do que o normal e, às vezes, coça ou sangra.

Causas

Segundo a Clínica Mayo, organização internacional de pesquisas médicas, não se sabe exatamente por que os melanomas surgem, mas sabe-se que a exposição à radiação ultravioleta (UV) da luz solar ou das lâmpadas e câmaras de bronzeamento artificial aumenta o risco.

"Limitar a exposição à radiação UV pode ajudar a reduzir o risco de ter um melanoma."

O NHS, o serviço de saúde público do Reino Unido, também destaca os riscos do uso das câmaras de bronzeamento.

"As câmaras de bronzeamento emitem raios ultravioletas que aumentam o risco de desenvolver câncer de pele (tanto melanoma maligno como outros cânceres de pele que não são melanomas)", adverte o serviço.

Além disso, "muitas câmaras de bronzeamento emitem doses de raios UV mais fortes que as do sol tropical do meio-dia."

Os riscos, segundo o NHS, são maiores para as pessoas mais jovens. Segundo o serviço, os dados disponíveis mostram que "as pessoas que se expõem com frequência a raios UV antes dos 25 anos correm um risco maior de desenvolver câncer mais tarde".

As queimaduras solares durante a infância também aumentam esse risco.

As autoridades britânicas de saúde advertem ainda que a exposição à radiação UV dos equipamentos para bronzeamento artificial é potencialmente mais danosa às pessoas que têm pele branca ou sensível, às pessoas que sofreram queimaduras de sol durante a infância, gente com muitas sardas, muitas pintas, pessoas que estão tomando remédios ou usando cremes que tornam a pele mais sensível à luz solar ou àqueles que têm casos de câncer de pele na família.