Publicado em 08/09/2017 às 11:00, Atualizado em 08/09/2017 às 14:57

Órgãos de menina de 13 anos salvam a vida de oito pessoas

O drama familiar, ocorrido há cinco anos, fez com que os pais criassem uma ONG para apoiar jovens sobreviventes do aneurisma

O GLOBO,
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 Vítima de um aneurisma cerebral inesperado com apenas 13 anos, a britânica Jemima Layzell ajudou a salvar a vida de outras oito pessoas, um recorde no serviço de doações de órgãos britânico. O drama familiar, ocorrido há cinco anos, fez com que os pais criassem uma ONG para apoiar jovens sobreviventes do aneurisma e promover a doação de órgãos e tecidos.

Segundo a mãe Sophy Layzell, de 43 anos, Jemima era “amável: esperta, divertida, compassível e criativa”. A decisão de doar os órgãos da filha não foi fácil, mas ela e o marido, Harvey Layzell, de 49 anos, sabiam da vontade da menina, pois haviam conversado sobre o assunto algumas semanas antes, quando após conhecidos da família morrerem num acidente de trânsito.

— Eles estavam registrados, mas os órgãos não puderam ser doados por causa das circunstâncias das mortes — contou Sophy. — Jemima nunca tinha ouvido falar sobre doações de órgãos antes e achou um pouco perturbador, mas compreendeu totalmente a importância disso.

Jemima passou mal durante as preparações para a festa pelo 38º aniversário da mãe, e morreu no hospital quatro dias depois. O aneurisma cerebral, raro em uma criança, é o inchaço na parede de uma artéria no cérebro. Ele não apresenta sintomas, até que a artéria se rompa, provocando uma hemorragia que pode levar à morte ou provocar danos graves à saúde do paciente. Se tivesse sobrevivido, Jemima teria as habilidades de comunicação e o lado direito do corpo afetados.

Após a morte, o coração, o intestino delgado e o pâncreas foram transplantados para três pessoas; e duas receberam os rins. Um paciente recebeu os dois pulmões e o fígado foi dividido, salvando a vida de outras duas pessoas. Entre os oito receptores estavam cinco crianças.

— Pouco depois de Jemima morrer, nós assistimos a um programa sobre crianças aguardando transplantes de coração sendo mantidas vivas por equipamentos no hospital — relembrou a mãe. — Isso provou para nós que dizer “não” teria negado a outras oito pessoas a chance de viver, especialmente sobre o coração de Jemima, que o Harvey se sentiu desconfortável em doar.

Segundo Anthony Clarkson, do setor de transplantes do Serviço Nacional de Saúde britânico, todo doados é especial, e o caso de Jemima, “único”, mostra como a doação de órgãos pode salvar vidas. Em média, cada doador resulta em 2,6 transplantes.

— A história única de Jemima mostra a diferença extraordinária que algumas palavras podem fazer. Milhares de pessoas ainda morrem desnecessariamente esperando por um transplante pode muitas famílias dizem não à doação de órgãos — disse Clarkson. — Por favor digam às suas famílias que vocês querem doar, e se estiver em dúvida, pergunte a si mesmo: se você precisasse de um transplante você aceitaria um?