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SUS vai oferecer transplantes multivisceral e de intestino

O transplante de vários órgãos abdominais na mesma cirurgia será viável por meio de acordo de cooperação técnica firmado entre os governos brasileiro e argentino

Um acordo entre Brasil e Argentina permitirá que brasileiros tenham acesso ao transplante multivisceral (substituição de pelo menos três órgãos abdominais) e de intestino pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O termo de cooperação técnica que dá início a esse processo foi firmado entre o ministro da Saúde do Brasil, Arthur Chioro, e o ministro da pasta da Argentina, Daniel Gustavo Gollan, durante a Assembleia Mundial de Saúde, que ocorreu nesta semana em Genebra (Suíça).Um dos principais eixos será a vinda de médicos argentinos experientes com a técnica, que realizarão o treinamento dos profissionais brasileiros. A expectativa é que a cooperação esteja em funcionamento nos próximos meses. “O acordo permite a transferência de tecnologia da cirurgia de transplante multivisceral para o Brasil, fundamental para a ampliação do acesso”, afirmou Chioro. A metodologia permite que pacientes com indicação para o procedimento possam receber de uma só vez estômago, duodeno, intestino, pâncreas e fígado, retirados em conjunto, de um único doador. A Argentina já realizou mais de 40 cirurgias desse tipo, sendo reconhecida pela sua capacidade técnica no transplante multivisceral.São exemplos de pacientes candidatos aos transplantes múltiplos: pacientes com doença hepática crônica com trombose das veias que drenam os intestinos; aqueles com insuficiência intestinal crônica (doença conhecida também como SIC – Síndrome do Intestino Curto) que tiveram necessidade de nutrição parenteral por um longo prazo; os submetidos a múltiplas cirurgias abdominais devido a doenças; e pacientes com tumor que atinja a região da raiz do mesentério, artérias e veias, com metástase no fígado.Em 10 anos, País praticamente dobrou número de transplanteO Brasil já realiza transplantes de coração, córnea, rim, pâncreas, pulmão, fígado, pele, ossos e medula óssea, sendo o maior sistema público de transplantes do mundo. Em uma década, o País praticamente dobrou o número de transplantes, saltando de 12.722 cirurgias, em 2003, para 23.457, em 2013. Também quadruplicou (crescimento de 328%) o repasse no período, de R$ 327,8 milhões, em 2003, para R$ 1,4 bilhão, em 2013. Apenas para transplantes de rim, em 2013 foram realizados 5.288 procedimentos e 122 de rim/pâncreas.Atualmente, 95% dos procedimentos são realizados pelo SUS. A rede brasileira conta com 27 Centrais Estaduais de Transplantes (em todos os estados e Distrito Federal), além de Câmaras Técnicas Nacionais, 510 Centros de Transplantes, 1.113 equipes de Transplantes e 70 Organizações de Procura de Órgãos (OPOs). Entre 2010 e 2014, houve aumento de 4,9% na quantidade de serviços habilitados pelo Ministério da Saúde para realizar transplantes no País, passando de 740 para 776.Memorando de entendimentoO texto firmado prevê diversas ações, como a promoção de intercâmbio de informação técnica sobre projetos, programas e experiências nas diferentes áreas de saúde; desenvolvimento de programas de intervenção em saúde; organização de campanhas e de visitas de profissionais e especialistas; realização de atividades de capacitação e de habilitação, como oficinas, seminários e conferências; transferência de tecnologia para promover o abastecimento interno de medicamentos e insumos; e promoção da participação comunitária.Além de transplante com foco em multiviscerais, os acordos poderão abranger várias outras áreas de interesse mútuo: atenção básica, vigilância de doenças infecciosas e crônicas, prevenção de doenças, promoção da saúde, emergências de saúde, recursos humanos em saúde, ações de implementação do Regulamento Sanitário Internacional (2005) e transferência de tecnologia para o abastecimento interno e insumos. Outras áreas poderão ser identificadas e priorizadas futuramente por meio de acordo entre as partes.

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