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Prova de concurso público no MS tem 70% das questões com mesma alternativa

A prova do concurso público para o cargo de engenheiro agrônomo na prefeitura de Sidrolândia (a 70 km de Campo Grande, MS) tinha como alternativa correta a letra a em 28 das 40 questões de múltipla escolha (70% do exame).

As questões estavam na sequência e abordavam o conteúdo de conhecimento específico exigido para o cargo.

O concurso, realizado nos dias 18 e 19 de janeiro, vai preencher 316 vagas na administração municipal de Sidrolândia.

O cargo de engenheiro agrônomo teve 116 inscritos para apenas uma vaga disponível, com salário de R$ 4.300. O resultado ainda não foi divulgado.

Com certeza, induz ao erro, comenta uma candidata, que pediu para não ter o nome divulgado. Ela conta que, ao fazer a prova, percebeu a sequência de alternativas iguais. De pelo menos 10 questões, eu tinha certeza que a resposta era a letra a, mas, das que eu não tinha certeza, decidi por outra alternativa.

A candidata registrou uma denúncia na ouvidoria do Ministério Público de Mato Grosso do Sul.

Segundo a assessoria de imprensa do órgão, a queixa será encaminhada para a promotoria responsável, que vai investigar se houve irregularidade e se cabe oferecer denúncia à justiça.

Responsáveis pela prova dizem que houve falha no sistema

Por meio de nota, a Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec), responsável pelo concurso público, afirma que houve uma falha no sistema.

Esclareceu que, por segurança, o professor que elaborou as perguntas entregou o gabarito das 28 questões específicas, registrando como corretas todas as opções a, o que é um procedimento padrão.

Posteriormente, um sistema de computador faria o embaralhamento automático das alternativas, o que não aconteceu.

Esse sistema impede que o próprio elaborador das questões fique ciente do gabarito final. Porém, o sistema computadorizado não operou o embaralhamento nessa única prova, mantendo o gabarito anterior, encaminhado pelo elaborador das questões, acrescenta a nota.

A Fapec informou, ainda, que está apurando o motivo pelo qual o sistema de computador não operou conforme os comandos preestabelecidos, salientando que esse foi o único caso em 20 anos.

A instituição decidiu não anular a prova, por entender que o problema não prejudicou os candidatos ou a qualidade do concurso.

Problema favorece candidatos que chutaram, diz especialista

Com 15 anos de experiência em concursos públicos, o professor de informática Deodato Neto considera que a grande quantidade de questões com a mesma alternativa, além de induzir o candidato ao erro, coloca em xeque a qualidade da seleção.

Um candidato que chutasse toda a prova na alternativa a teria acertado 70% das questões.

Como não é comum que uma prova tenha uma sequência tão grande de questões com a mesma alternativa correta, o professor afirma que o candidato que estivesse em dúvida entre duas respostas, sendo uma delas a de letra a, acabaria por escolher a outra opção.

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