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A pesquisa de cura para o HIV ganha força com novas doações da amfAR

Sete equipes de cientistas renomados compartilharão cerca de US $ 2,4 milhões para esforços colaborativos em pesquisas

Já se passaram seis anos desde que o primeiro caso de cura foi relatada em um homem soropositivo com leucemia que recebeu um transplante de células-tronco de um doador com uma rara mutação genética que ofereceu resistência à infecção pelo HIV. O caso do paciente de Berlim levantou tantas perguntas quanto o número de respostas que teve, e isso mudou drasticamente a trajetória de pesquisa em HIV / AIDS. Entre os beneficiários da última rodada de bolsas de pesquisa com foco em cura da amfAR, estão pesquisadores de todo o mundo que continuarão a investigar com precisão como o paciente de Berlim foi curado e irão explorar outras estratégias de cura em potencial que poderão um dia ser aplicadas a milhões de pessoas vivendo com HIV / AIDS.

As novas doações, que totalizam quase US$2.4 milhões de dólares, apoiarão o trabalho de sete equipes de cientistas que trabalharão junto com o Consórcio de Pesquisa da amfAR Para Erradicação do HIV (ARCHE), uma iniciativa lançada em 2010 para explorar as potenciais estratégias para eliminar a infecção por HIV. Com isso, o investimento da amfAR em pesquisa com foco na cura já ultrapassa mais de US$ 6 milhões de dólares até agora neste ano.

O caso do paciente de Berlim foi um desenvolvimento importante para a pesquisa de HIV / AIDS e fez com que muitos na comunidade científica pensassem, pela primeira vez, que uma cura para o HIV era realmente possível, disse o CEO da amfAR, Kevin Robert Frost. Isso certamente reforçou o compromisso da amfAR para encontrar uma cura, e nosso programa ARCHE é um reflexo de nossa busca constante para dar um fim a esta epidemia. 

Muitos pesquisadores de todo o mundo têm tentado, até agora sem sucesso, repetir o caso de Timothy Brown (o paciente de Berlim) para determinar quais foram os componentes cruciais de uma intervenção altamente complexa de quimioterapia, a irradiação corporal total, a mutação genética presente nas células transplantadas, e / ou a doença do enxerto-versus-hospedeiro que se seguiu. O maior prêmio nesta rodada de subsídios apoiará um consórcio de pesquisadores europeus, incluindo o médico Gero Hütter, o oncologista creditado com a cura de Brown, para estudar os resultados dos pacientes com HIV que sofrem diferentes tipos de transplantes de células-tronco. Os pesquisadores europeus, liderados por Javier Martinez-Picado, Ph.D., do IrsiCaixa na Espanha e Annemarie Wensing, médica e Ph.D., do Centro Médico da Universidade de Utrecht, na Holanda, anteciparam a vinda de vários pacientes com HIV que necessitam de transplantes de células-tronco e esperam descobrir novos conhecimentos que podem informar mais amplamente sobre intervenções aplicáveis.

Enquanto isso, outra equipe de pesquisadores europeus liderada por Vanderson Rocha, médico e Ph.D., do Serviço Nacional de Saúde de Sangue e Transplante, de Oxford, no Reino Unido irá pré-selecionar um grupo de doadores de células-tronco do sangue para CCR5 -Delta32, a mutação genética que torna as pessoas altamente resistentes à infecção pelo HIV e que acredita-se ser responsável, pelo menos em parte, para a cura de Timothy Brown. Naturalmente presente em cerca de um a dois por cento dos caucasianos, a mutação é mais presente no Norte da Europa e os pesquisadores concentrarão a sua atenção inicialmente em bancos de sangue de cordão na Suécia e na Finlândia. Eles esperam determinar quais os doadores, com base em seus tipos de tecidos, têm o maior potencial para abrigar a mutação genética CCR5.

Uma equipe de pesquisadores nos EUA receberá financiamento para enfrentar um dos desafios mais importantes da pesquisa do HIV: determinar se as pessoas cujo HIV caiu para um nível indetectável foram curados, ou se os testes atuais simplesmente não são sensíveis o suficiente para detectar todos os últimos vírus remanescentes. Em um estudo recente, financiado pela amfAR, Timothy Henrich, médico do Hospital Brigham and Women, em Boston, descreveu dois pacientes que receberam transplantes de células-tronco para tratar câncer e em quem o HIV não pode mais ser detectado usando os testes mais sofisticados disponíveis atualmente. Quando os pacientes deixaram de tomar a terapia anti-retroviral, o vírus finalmente voltou, indicando que não tinham sido curados. Dr. Henrich irá colaborar com Ramesh Akkina, Ph.D., da Universidade Estadual do Colorado, em um esforço para infundir células retiradas de pacientes de Boston antes da carga viral em ratos geneticamente modificados para conter o sistema imunológico humano. Se os ratos tornam-se infectados, isso representaria um teste mais sensível da persistência do HIV do que qualquer outro teste disponível no momento.

O programa ARCHE da amfAR continua sua tradição de identificar as questões pendentes importantes na pesquisa e a orientar o financiamento para aqueles pesquisadores que podem dar respostas, onde quer que estejam no mundo, disse a Dr. Rowena Johnston, vice-presidente e diretora de pesquisa da amfAR. Estamos extremamente animados com os resultados que essas bolsas podem render e confiantes de que elas abrirão uma série de novos caminhos para a cura.

Sobre a amfAR 

A amfAR, Fundação para Pesquisa da AIDS, é uma das maiores organizações sem fins lucrativos do mundo dedicada ao apoio da pesquisa da AIDS, prevenção, tratamento, educação sobre o HIV e a defesa de uma boa política pública relacionada a AIDS. Desde 1985, a amfAR investiu mais de R$ 810 milhões* em seus programas e concedeu bolsas para mais de 3.300 grupos de pesquisa em todo o mundo. Para mais informações, visite: www.amfAR.org.

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