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Mãe culpa chá de Santo Daime pela morte de Rian Brito

(Foto: Facebook)

Um dia após cremar o corpo de Rian Brito, neto de Chico Anysio, a mãe do jovem resolveu falar sobre o mistério que ainda cerca a morte do músico aos 25 anos. Ele foi encontrado morto por afogamento numa praia de Quissamã, no Norte Fluminense, na última quinta-feira, após nove dias de sumido. Em carta enviada com exclusividade ao EXTRA, a atriz e cantora Brita Brazil relata que o filho costumava tomar a erva alucinógena indígena Ayhuasca (mais conhecido como Santo Daime), oferecido nos encontros da seita Porta do sol, cuja fundadora no Rio é a atriz Leona Cavalli.

No fim de semana, o nome de Leona foi citado por Brita em seu Facebook e acabou gerando muitas especulações. Nesta segunda-feira, a própria atriz usou o seu perfil na rede social para dizer que nada tinha a ver com o sumiço de Rian e informar que o rapaz participou de quatro encontros em 2014, sendo um deles com a mãe, na sede da seita, em Pedra Branca, na Zona Oeste. Leona afirmou que não teve mais contato com o músico desde então.

Em resposta, Brita explicou que o filho frequentava os encontros da Porta do Sol havia um ano e quatro meses e que ele participou de quatro rituais. Ela afirma ao EXTRA que, desde então, Rian costumava ouvir vozes do chá e procurar lugares bonitos para se isolar e meditar por dias, mas sempre voltava para casa.

... Com o convite de um grande amigo de infância, foram ao tal chá, e Rian começou a ficar sério, diferente, largou a música, coisa que fazia umas 13 horas por dia, perdeu o humor, e começou a ficar numa desenfreada mania de jejum e meditação. Sua aparência mudou totalmente. Seu jeito também. Ficou muito mais introspectivo. (...). O total foi um ano e quatro meses do mais profundo inferno que o Rian viveu. Ele perdeu o sentido de tempo, grana, de absolutamente tudo, narra Brita.

A mãe de Rian relatou ainda que decidiu visitar a sede carioca da Porta do Sol com o filho, e que ela mesma tomou o tal chá, com o intuito de saber o que estava se passando com o músico.

...Para participar tem que pagar R$ 120, tomar o chá e ficar com os olhos fechados para entrar em alfa. Na entrada, você dá o seu nome e assina um termo que diz que se você tomar tais remédios de psiquiatria, não pode fazer uso do chá, mas só neste caso. Como eu e Rian nunca tivemos nada a ver com psiquiatria, assinamos. Era a quarta vez dele, e a primeira (e última) minha. Mas como mãe, sabendo que íamos entrar em alfa, fiz o contrário, não fechei os olhos e dominei minha mente, para não deixar a lucidez, pois havia ido lá apenas para saber por quê meu filho estava num estado estranho e não comia praticamente nada. No meio da experiência de quatro ou cinco horas, você ingere primeiro um copo e, durante a sessão, mais duas doses pequenas que ficam te oferecendo mesmo que você esteja pra lá de Marrakesh. O Rian mal conseguia andar, e não falava coisa com coisa, narra.

No texto, a mãe de Rian deixa claro que o seu objetivo é fazer uma alerta sobre o uso da erva e afirma que não pretende processar ou culpar Leona Cavalli pela morte de Rian.

O que queria fazer, repetindo seu nome e te convidando para a primeira fila do crematório do meu filho, era pra que você (Leona Cavalli) tomasse consciência do estrago que o chá de Ayhuasca pode gerar a uma família. Era pra você sentir por uma hora na pele, o que sentirei para toda curta vida que me resta. E, principalmente, que parasse, não só você, como todas as Igrejas do Brasil, a fornecer esta química para as pessoas. Muitas pessoas podem ser alérgicas, incompatíveis quimicamente e disparar algo terrível em suas mentes pro resto de suas vidas....

Brita acredita, no entanto, que o motivo de o filho ter escolhido uma praia em Quissamã para meditar nada teve a ver com a seita.

— As fugas eram assim: o máximo que ele ia foi Arraial do Cabo. A voz do chá que falava com ele. Tenho a impressão que ele escolheu um lugar perto, uma praia deserta no Rio de Janeiro para meditar e se isolar. Quissamã é um lugar superatraente —, acredita.

Após publicar mensagens com o nome de Leona na rede social, Brita teve sua conta no Facebook cancelada.

Leona rebate: ‘Vou ter que processar’

Nesta segunda-feira, a página da internet da Porta do Sol foi tirada do ar sem nenhuma justificativa. Nela consta o nome de Leona como dirigente-fundadora e também uma página em que explica as restrições ao chá de Ayahasca, uma delas dizendo que a erva não pode ser tomada com remédios controlados.

— Isso é um absurdo. Mas eu não posso entrar nessa questão agora, ele foi cremado ontem... De toda maneira, eu só posso dizer que esse é um sacramento regularizado no Brasil e inscrito no Congresso Nacional Antidrogas. Isso que ela está falando, ela está falando por uma visão dela. Eu sinto muito, realmente. Fico muito tocada com a dor dela. Preferia não ter que fazer isso. Mas, infelizmente, chegou num ponto absurdo, e eu vou ter que tomar medidas jurídicas e criminais. Vou ter que processar— disse Leona ao EXTRA.

A atriz também explicou que nada tem a ver com o fato da página Porta do Sol ter saído do ar. — A página está com problema, ela está entrando e caindo. Também soube que a página dela (da Brita) no Facebook saiu do ar. Não temos nada a ver com isso. Quanto a página da Porta do Sol, eu já liguei para o web design e amanhã (terça-feira) já vai estar no ar novamente.

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