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Mulheres ainda ganham 70,7% do salário dos homens, aponta IBGE

Mesmo após uma década de redução constante na desigualdade entre os salários femininos e masculinos, as mulheres ainda ganham, em média, 70,7% do que recebem os homens no Brasil. É o que mostra a Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta sexta-feira (13) pelo IBGE. Os dados, referentes a 2014, indicam que o rendimento médio de uma mulher no país era de R$ 1.480, enquanto o dos homens era de R$ 1.987. Elas, portanto, receberam em média R$ 507 a menos do que eles. Houve tímida melhora dessa relação, de 0,3 ponto percentual, entre 2013 e 2014.

A distância salarial entre os sexos está em trajetória de queda há dez anos -em 2004, elas recebiam 62,9% do rendimento deles. Mas, no ritmo atual, ainda serão necessários entre 15 e 20 anos para que as mulheres atinjam remuneração equivalente a dos homens, segundo Rodrigo Viana, diretor-executivo da empresa de recrutamento Talenses. O fenômeno não é exclusivo do Brasil, diz Viana, mas o país está mais atrasado do que outros, como Estados Unidos e alguns europeus, na redução da desigualdade salarial.

SEMPRE CORRENDO ATRÁSLetícia Molinaro, 37, é exemplo de mulher que hoje ocupa cargo de destaque no mercado. Contratada há 15 dias para o posto de diretora de recursos humanos de uma empresa norte-americana de saúde que acabou de abrir negócio no Brasil, ela se desdobra entre coordenar a nova equipe, terminar um curso on-line da Universidade Cornell (EUA) e cuidar dos filhos de um e quatro anos. Já me peguei em casa ninando meu filho enquanto lia emails no laptop, telefone no ouvido e um copo dágua na outra mão, disse.

Ela conta que, quando ocupou cargo de gerência em uma multinacional de consultoria, tinha colegas homens em postos equivalentes ao seu, com mesmo nível educacional, mas com o dobro de salário. Letícia, que ocupou cargos de analista, coordenadora, e gerente antes de se tornar diretora, diz ter visto casos em que mulheres perderam chance de promoção porque estavam no período da vida em que poderiam optar por ter filhos. A mulher é mais sensível, tem essa habilidade de fazer diversas coisas ao mesmo tempo e está sempre em busca de aperfeiçoamento profissional. Historicamente, estamos sempre correndo atrás e é por isso que acho que esses movimentos de luta pela afirmação das mulheres são muito importantes, disse. 

DIFERENÇA GERACIONALViana lembra que a presença da geração X -nascida entre os anos 1960 e 1980- no mercado de trabalho se caracteriza pela predominância masculina, uma vez que a cultura da mulher como dona de casa predominava à época. Os jovens de então são diretores e gestores das empresas de hoje. 

Temos aí, então, 30 anos de distorção para corrigir, não só no mercado de trabalho formal, mas na sociedade como um todo, disse Viana. Infelizmente, ainda vigora em empresas mais tradicionais, principalmente em setores industriais, a visão de que mulheres não servem para ocupar posições de peso na administração. Segundo o analista, em empresas de bens de consumo e tecnologia a discrepância salarial entre os sexos já é bem menor. Estes segmentos, afirma, já têm trabalhadores da geração Y -nascidos entre os anos 1980 e 2000- em cargos de alta gerência e direção.

São 203,2 milhões de brasileiros

A população brasileira cresceu 0,9% no ano passado e totalizou 203,2 milhões de pessoas, segundo estimativa do IBGE divulgada ontem. Comparando a 2013, o total de residente no país cresceu em 1,7 milhão de pessoas. A maior parte da população (45,5% do total) se declarou de cor branca (92,4 milhões de brasileiros). O grupo de pessoas que se declarou de cor parda representava 45% do total, ou 91,5 milhões. Mais 17,4 milhões de pessoas se declararam de cor preta (8,6% do total) e 1,8 milhão de pessoas declarou outra cor ou raça (indígena ou amarela), representando 0,9%. A população que se declara de cor preta foi a que mais cresceu, de 8% para 8,6%. Isso significou um aumento de 1,4 milhão de pessoas. O Brasil tinha mais mulheres (104,8 milhões) do que homens (98,4 milhões). Mais crianças de até 9 anos (28 milhões) do que idosos com 60 anos ou mais (27,9 milhões). Apesar disso, a população mais velha continua em ascensão. As pessoas com 60 anos ou mais de idade respondiam por 13,7%, 0,7 ponto percentual do que em 2013. Da população total, 44,1 milhões de pessoas viviam no Estado de São Paulo, segundo as estimativas do IBGE. Desse contingente, 1,5 milhão vivia em zonas consideradas rurais do Estado.

Para realizar a Pnad, os pesquisadores do IBGE visitaram 151 mil domicílios no ano passado. Trata-se de um dos perfil mais completos da população brasileira.

Celular substitui telefone fixo

O celular está presente em 91,1% dos domicílios brasileiros, sendo o único tipo de telefone em 56,3% deles. Por outro lado, só 37,1% das residências têm telefone fixo convencional. Os números são da Pnad de 2014 (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), divulgada nesta sexta (13). O levantamento mostra uma mudança rápida na forma com que os brasileiros se comunicam. A telefonia fixa, que em 2004 ainda superava os celulares, tem se tornado cada vez mais rara na casa do brasileiro, sendo o único tipo de telefone em apenas 2,4% das casas. Celular, computador e DVD.

A Pnad também mostra uma leve queda no número de domicílios com acesso à internet por computador. A parcela de casas conectadas à rede por meio de microcomputadores caiu de 42,41%, em 2013, para 42,1% no ano passado. Segundo Fabio Senne, coordenador de projetos e pesquisas do Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), entidade que estuda a adoção de tecnologias de comunicação, a difusão do acesso à internet tem ocorrido pelos celulares. Nos dados que coletamos no Cetic.br, percebemos um aumento muito rápido no uso de internet pelo celular. Os usuários são principalmente os mais jovens, para quem cada vez mais o celular é o principal meio de se comunicar, diz Senne. Outro dado presente na Pnad mostra que os aparelhos de DVD têm se tornado menos comuns nos lares do país: houve queda de 72,1% em 2013 para 68,0% no ano seguinte. Nas nossas pesquisas, mais da metade dos que usam internet declaram assistir filmes e vídeos em sites como o YouTube ou serviços como o Netflix, o que pode ser um dos fatores que explicam a queda do DVD, afirma Senne.

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