Publicado em 23/02/2021 às 09:00, Atualizado em 23/02/2021 às 11:42

O CRIME DE 1993 QUE FOI DESVENDADO APENAS EM 2014 PELO FILHO DA VÍTIMA

Aaron Fraser tinha apenas 3 anos quando sua mãe desapareceu. Duas décadas mais tarde, foi ele mesmo quem a encontrou

Aventuras na história ,
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Divulgação

Em meados de 1993, uma assistente social foi chamada para acompanhar um caso de desaparecimento, na Flórida, Estados Unidos. Já fazia algum tempo que BonnieHaim, de 23 anos, não aparecia em casa e, por isso, a polícia foi acionada.

Ao chegar na residência da família, a agente pública foi diretamente ao encontro do filho da mulher desaparecida. Com apenas 3 anos de idade, o pequeno Aaron olhou nos olhos da assistente e enunciou algo que a mulher nunca mais esqueceria.

“Papai atirou na mamãe”, disse o garoto. “Meu papai atirou nela e não conseguiu acordá-la depois”, narrou Aaron, mesmo tão pequeno. Aquele momento assustador era apenas o início de um mistério que seria solucionado apenas 21 anos mais tarde, em 2014.

Memórias apagadas

Perto de completar seus 25 anos, Aaron Fraser já não se lembrava mais da mãe. Ela, afinal, teria desaparecido quando ele ainda era um bebê. Do pai, no entanto, o jovem adulto se lembrava com clareza — muito por culpa do temor constante.

“Eu tinha medo que ele viesse me buscar”, contou em entrevista ao WTLV. Até mesmo após ser adotado por uma nova família, Aaron continuava aterrorizado. “Dormi com um tijolo debaixo do travesseiro até meus 12 anos”, narrou, depois de adulto.

O medo do jovem, como o desenrolar dos fatos mostrou mais tarde, não era irracional. Isso porque, além de violento, o pai de Aaron, Michael Haim, ainda era um assassino: o responsável pela morte prematura de sua esposa, Bonnie, em 1993.

Na época do desaparecimento, a polícia estava sem saída. Além da falta de provas contra Michael, nenhum corpo foi encontrado e, segundo testemunhas, o casal estava passando por um momento complicado, que poderia ter resultado na fuga de Bonnie.

Por esses motivos, o caso esfriou e acabou sendo arquivado. Os documentos foram esquecidos pelos oficiais e a família da jovem desaparecida ficou sem respostas por mais de duas décadas. Anos mais tarde, foi próprio Aaron quem reabriu as investigações.

Em meados de 2014, o homem ganhou um processo contra seu pai e, com isso, herdou a antiga casa da família. Foi a chave para a solução de crime duradouro, que assombrava a vida dos Peak, os parentes de Bonnie, há mais anos do que poderiam contar.

Do lado de fora

Segundo reportagem publicada pela WJXT, Michael era dono da residência desde o desaparecimento da sua esposa. Com o passar dos anos, vivendo sozinho ele passou a alugar a propriedade, que tinha uma única regra: ninguém poderia mexer no quintal.

Em 2014, no entanto, ao receber a residência da justiça, Aaron começou a reformar a casa de sua infância. Entre os projetos, ele percebeu um vazamento no jardim e decidiu investigar o mau funcionamento do chuveiro externo.

Naquele mesmo dia, ao erguer uma placa de concreto que não era movida há décadas, Aaron se deparou com uma cena grotesca. Enterrados como se não fossem nada, o crânio e os demais ossos de um cadáver jaziam no quintal da propriedade.

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Fotografia de Michael Haim já preso / Crédito: Gabinete do Xerife de Jacksonville

A polícia foi chamada imediatamente e as investigações, há tanto tempo esquecidas, foram retomadas com máxima urgência. Já no laboratório, os restos encontrados por Aaron confirmaram a história que ele próprio contou aos 3 anos de idade.

Com um teste simples, confirmou-se que os ossos eram de Bonnie e, ao lado do corpo, o cartucho de uma bala calibre .22 indicava o assassino. Dono de uma arma do mesmo calibre que o projétil encontrado, Michael Haim foi preso imediatamente.

Uma vez solucionado, o caso foi finalmente levado para o júri. Foi apenas em abril de 2019, entretanto, que Michael recebeu sua sentença. Culpado pelo assassinato da jovem Bonnie, o criminoso foi condenado à prisão perpétua.

“Por 26 anos, buscamos respostas para nossas muitas perguntas”, desabafou LizPeak, a irmã da vítima. “Hoje temos justiça, mas não temos Bonnie.” Para Aaron, apesar da saudade, o fim do caso foi um grande conforto. “Há uma sensação de alívio por não termos que continuar lutando”, contou, ao WTLV. “Estou feliz que tenha acabado.”