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Perdi o emprego por causa das minhas tatuagens

Karla Valentine começou a trabalhar em uma escola no inverno. Quando chegou o verão, vieram as roupas curtas e, com elas, suas diversas tatuagens ficaram à mostra.

A escola enviou imediatamente as regras sobre vestuário, dizendo que tatuagens não eram um bom exemplo para crianças. Karla pediu demissão.

Assim como ela, diversos leitores da BBC enviaram depoimentos contando como tatuagens prejudicaram suas vidas profissionais.

Os relatos incluem promoções negadas e uma entrevista de emprego interrompida na metade.

Embora já sejam bem aceitas em algumas áreas específicas, principalmente na indústria voltada para jovens, um estudo sobre o tema feito na Universidade de St. Andrews, na Escócia, mostrou que ainda há um estigma ligado a tatuagens visíveis.

Palavras como repugnante e desagradável foram usados para descrever a percepção que clientes teriam sobre uma empresa que contratasse alguém tatuado, de acordo com o autor da pesquisa, Andrew Timming.

Isto foi verificado mesmo quando os próprios empregadores tinham tatuagens. Havia recrutadores que tinham tatuagens em locais que não ficavam à mostra e disseram que não contratariam alguém com uma tatuagem visível, diz Timming.

Segundo ele, o tamanho e a localização das tatuagens influenciam nas decisões dos empregadores. O tema também faz diferença: desenhos ofensivos não são bem aceitos, mas uma flor ou uma borboleta, por exemplo, costumam ser mais aceitas em locais de trabalho.

Tenho 35 anos e trabalhava como ajudante em uma escola. Quando me contrataram eu já tinha tatuagens e piercings no rosto e, no inverno, não tive problema, porque elas ficavam cobertas. Mas quando o verão chegou meus braços ficaram à mostra.

Logo me enviaram um guia com regras sobre como se vestir. Dizia que tatuagens visíveis e piercings no rosto não eram um bom exemplo para crianças e deveriam ser cobertos.

Eu era boa no meu trabalho com as crianças e elas aparentavam gostar das minhas tatuagens. Meio que comecei uma campanha, mas eu não queria trabalhar num ambiente onde diziam-me que eu não podia fazer o trabalho porque tinha tatuagens e piercings.

Depois de uma semana mais ou menos eu pedi demissão. O diretor me chamou para conversar, mas eu não acredito que deveria lutar para explicar que sou uma boa funcionária e uma pessoa decente.

Acho triste que em 2014 nós ainda sejamos tão discriminatórios sobre as escolhas das pessoas e que as crianças cresçam aprendendo esses conceitos superficiais. A melhor parte foi que, depois de um mês, eles fizeram uma festa da escola com uma barraca de tatuagem temporária para as crianças!

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