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Taxista nega soco em cantora; polícia diz que há testemunhas de agressão

Antônio Ricardo diz que mulher jogou copo de cerveja em seu rosto. Aiace Félix, vocalista da Sertanília, relata socos no olhos e no corpo.

(Foto: Reprodução/ TV Bahia))

O taxista suspeito de agredir a socos e tentar atropelar a vocalista da banda Sertanília, em Salvador, negou as acusações e disse que tentou se defender da cantora. "Eu apenas estava me defendendo. Não agredi ela em momento algum. Ela na verdade me agrediu jogando copo de cerveja no meu rosto e molhou o carro", diz Antônio Ricardo Rodrigues Luz. O caso ocorreu na madrugada de domingo (3) e o taxista foi preso em casa na tarde de segunda.

Conforme a Polícia Civil, o taxista confessa ter assediado a irmã da cantora, mas nega a tentativa de atropelamento e as agressões à cantora.

"Ele disse que não fez. A gente está conseguindo no local, imagens, e a gente está só esperando esse material chegar para confirmar. Mas as ouvidas [pessoas] são muito contundentes. Ele teria dado ré [no carro] de forma violenta, quase atinge [Aiace]. Se não fosse o rapaz que esticou ela, o carro passaria por cima. Daí continua a sessão de espancamento porque ele é muito forte", relatou Antônio Fernando, delegado que investiga o caso.

Rafael Salume, que é advogado do taxista, defende que os depoimentos da cantora apresentam relatos parciais. "Nós não podemos tirar conclusões apenas pautados em um depoimento visivelmente parcial, no qual há obviamente algum interesse, porque a suposta vítima se sente ofendida de alguma forma. Mas isso será esclarecido com o tempo", diz.

Um segundo advogado do taxista, Marcel Frates, reitera que os relatos da cantora expõem apenas um lado da história. "É a palavra dela. A gente não teve acesso nem sequer ao laudo pericial comprovando essa agressão".

Conforme o delagado, o taxista prestou depoimento e foi encaminhado para a 1ª Delegacia dos Barris. Ainda de acordo com o delegado, o suspeito deverá participar nesta terça-feira (4), de uma audiência de custódia. Nesse tipo de audiência, feita, em média, até 24 horas depois do flagrante, um juiz avalia a necessidade de manter o preso custodiado durante o processo judicial.

PrisãoO taxista suspeito de agressão foi preso em flagrante nesta segunda-feira (4) e vai responder pelos crimes de tentativa de homicídio, lesão corporal e injúria. Segundo a polícia, o flagrante pode ser feito até 72 horas após o ocorrido.

O suspeito, Antônio Ricardo Rodrigues Luz, foi localizado pela polícia na casa onde mora na Rua Alto do Gantois, no bairro da Federação, na capital baiana, após informações passadas à polícia pela Gerência de Táxis e Transportes Especiais (Gtaxi), ligada à Superintendência de Trânsito e Transporte de Salvador(Transalvador).

Conforme Antônio Fernando, o taxista prestou depoimento na 7ª Delegacia na tarde desta segunda-feira e, depois foi encaminhado para a 1ª Delegacia dos Barris. Ainda de acordo com o delegado, o suspeito deverá participar, na terça-feira (4), de uma audiência de custódia. Nesse tipo de audiência, feita, em média, até 24 horas depois do flagrante, um juiz avalia a necessidade de manter o preso custodiado durante o processo judicial.

A Secretaria Municipal da Mobilidade (Semob), responsável pela liberação das licenças de trabalho dos taxistas na capital baiana, informou que abriu um processo administrativo contra o motorista envolvido na situação. O carro usado pelo taxista para trabalhar foi apreendido e permanece na 7ª Delegacia, no Rio Vermelho.

CasoA vocalista Aiace Félix, de 27 anos, relatou, por meio das redes sociais, ter sido agredida no bairro do Rio Vermelho, em Salvador, na madrugada de domingo (3), após sair de uma casa de shows. Ela afirmou que recebeu socos na face e no pescoço, o que causou lesão na córnea do olho direito. A cantora registrou o caso na 7ª Delegacia.

Aiace contou que foi agredida pelo taxista após o motorista ter assediado a irmã mais nova dela, de 22 anos, quando as duas passavam junto com uma amiga próximo ao Largo da Mariquita.

"Tinha fila de táxi e um taxista dentro do carro começou a assediar minha irmã. Começou a chamar ela de gostosa, aquela coisa que vemos todo dia, como se o corpo da mulher fosse propriedade. Eu disse que era para respeitar, falando que não tinha nada a ver o que ele estava fazendo. Ele não gostou e disse que era aquilo mesmo, reiterando o assédio. Eu segui caminhando e tinha rapazes passando na hora também. Ele deu ré bruscamente para tentar me atropelar e um dos meninos me puxou. Ele veio para cima de mim e deu três socos: no olho, na boca e no pescoço/ombro", afirmou a cantora ao G1.

Depois da agressão, segundo Aiace, o taxista correu para o carro e fugiu. Ela e testemunhas da situação anotaram a placa do carro do agressor. Segundo a polícia, o taxista trabalha com o alvará alugado de outra pessoa.

Em seguida, a cantora voltou à casa de shows onde estava e seguiu para uma delegacia para registrar a ocorrência da agressão.

Inicialmente, a cantora tentou registrar o fato na Delegacia de Atendimento à Mulher (DEAM), no bairro de Brotas, mas foi orientada a procurar a 7ª Delegacia, no Rio Vermelho, responsável por crimes que ocorrem no bairro.

"Recebemos socorro do agente que estava lá, que nos atendeu e fez todo o encaminhamento. A partir daí, fui em busca de laudo médico. Passei por exames e vi que estou com lesão na córnea. Em seguida, fui para o IML [Instituto Médico Legal] fazer exame de corpo de delito", relatou Aiace.

"Ele era branco, estatura mediana, careca, tinha cavanhaque. Tem entre 40 a 50 anos. Ele tem o dobro do meu tamanho, eu tenho 1,56 m", descreveu.A cantora relatou ainda que estava com ardor nos olhos e trata com medicamentos a lesão no olho, que deve durar mais alguns dias.

Aiace disse que se sente revoltada com o assédio e acha que não deve ser encarado como algo normal.

"Eu nunca fui de ficar calada diante de qualquer tipo de violação de qualquer direito meu e quando toca na pessoa que a gente ama, por ser irmã mais nova, a gente se sente mais revoltado. Todas as relações à nossa volta têm esse viés falocêntrico e machista, reduzindo a mulher ao segundo plano, como se tivesse que ser submissa a algo ou alguém. Eu discordo disso e acho que, desde muito cedo, lidamos com assédio e somos educadas a achar que é elogio, mas não é", criticou.

A cantora acredita que homens e mulheres precisam rever atitutes e não culpar as vítimas de assédio. "O meu pedido é que possamos rever as atitudes, para mulher e homem. Muitas mulheres vieram me dizer que eu estava no Rio Vermelho naquele horário, mas isso não dá a ninguém o direito de me agredir. A gente tem que parar de achar que assédio é normal e culpabilizar vítima", reclamou.

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