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Moradores de bairro onde jovem foi morto acusam PMs de extorsão

Comunidade do morro Santa Tereza reclama da atuação policial na área.Jovem morreu na quinta-feira (3) com tiro disparado por um PM.

Com segurança, DMLU faz limpeza onde ônibus foram queimados (Foto: Maria Polo/G1)

Os moradores da Vila Gaúcha, no Morro Santa Tereza, na Zona Sul de Porto Alegre, onde umjovem foi morto por um tiro efetuado por um policial militar na quinta-feira (3), seguemindignados e revoltados com o caso. Eles reclamam da ação policial na região, que consideram violenta, e reiteram que o disparo atingiu Ronaldo de Lima, 18 anos, pelas costas. A Brigada Militar sustenta a informação que recebeu logo após o episódio: de que houve confronto depois que o morador reagiu (veja na reportagem do Jornal do Almoço da RBS TV).

Imagens registradas no beco Buraco Quente, como é conhecida a área onde aconteceu o crime, mostram o corpo do jovem caído no chão, de bruços. Na manhã desta sexta (4), a Polícia Civil informou que o exeme de perícia indica que o disparo atingiu as costas de Ronaldo. O Instituto Geral de Perícias (IGP), porém, ainda não se manifestou de forma oficial sobre resultados de perícias.

Após o episódio, a comunidade faz denúncias graves sobre a ação dos PMs na vila. Um dos moradores afirma que há cobrança de propina a moradores para que traficantes presos sejam soltos.

Eles vem aqui, tentam pegar alguém grande, mas eles não conseguem pegar ninguém, né? E quando eles pegam eles querem dinheiro, e isso e aquilo,  afirma outro morador, também sem ser identificado. Em torno de R$ 8 mil reais. R$ 8 mil reais para cima, completa ele.

As abordagens realizadas pela Brigada Militar, segundo a comunidade, muitas vezes é violenta.  Eu tenho medo. Eles ameaçaram de me enxertar com droga já, diz o presidente da Associação dos Moradores da Vila Gaúcha, Darci Campos dos Santos. Não aceito a violência. Chegam dando coice, pontapé. Pô, vamos respeitar, tem criança aqui dentro, comenta.

Amigos e parentes dizem que Ronaldo não tinha antecedentes criminais e que voltava de uma festa quando foi atingido pelo tiro. A Brigada Militar informa que o jovem tem passagens pela polícia por roubo a estabelecimento comercial e porte de arma.

O tenente-coronel, Mário Ikeda, comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC), diz que um Inquérito Policial Militar já foi instaurado e vai apurar a conduta dos PMs e o que houve no Morro Santa Tereza. Sobre a acusação de recebimento de propina por parte de policiais, Ikeda afirma que o relato dos moradores será levado em consideração.

“Tomei conhecimento agora. Todas essas denúncias são importantes para que a gente possa apurar e responsabilizar quem está cometendo esse tipo de delito, diz. Tem o 181, que é o disque-denúncia. Ali a pessoa não precisa se identificar, sugere.

No dia seguinte, PMs ocupam entrada do beco

Um dia após a morte do jovem, uma viatura da Brigada Militar, com três PMs, está posicionada próximo à entrada do beco. Na madrugada, apesar da tensão das últimas horas, a sensação era de tranquilidade 

Funcionários do Departamento Municipal de Limpeza Urbana fizeram a limpeza da rua.

Logo depois que Ronaldo foi morto, dois ônibus e uma lotação foram incendiados, a poucos metros da cena do crime. Os veículos estavam em seus terminais, estacionados. Imagens de câmeras de segurança mostram o momento que um grupo ateia fogo nos ônibus.

Por isso, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) suspendeu a criculação de sete linhas de ônibus que trafegavam pela região do Morro Santa Tereza e da Vila Cruzeiro ao longo do dia. Os veículos particulares também não puderam circular nesses locais.

O serviço também foi prejudicado na manhã desta sexta (4), porque os rodoviários, temendo pela segurança, não saíram das garagens nos primeiros horários para trabalhar. Pouco depois das 7h30, a circulação se normalizou. Porém, perto das 10h, o serviço foi suspenso novamente.

Motoristas e cobradores relataram ameaças de nova queima de veículos. A guarita do fim da linha 195 - TV, cujos veículos foram queimados, foi esvaziada e os ônibus recolhidos para as garagens por volta das 10h.

Ônibus pega foto no Morro Santa Tereza em Porto Alegre (Foto: Maria Polo/G1))

Morte gera comoção e revoltaImediatamente após o disparo, os moradores começaram a sair de casa e protestar contra a ação dos PMs. Pedras foram arremessadas contra as viaturas e pneus foram queimados.

A perícia chegou ao local cerca de duas horas e meia após a morte. Peritos e PMs tiveram que ser escoltados para caminhar pelo beco e retirar o corpo do chão.

Poucos minutos depois, o corpo foi removido sob vaias e protestos, e levado para o Instituto Geral de Perícias.

Polícia pediu reforço durante a atuação no Morro Santa Tereza (Foto: João Laud/RBS TV)
Moradores protestaram contra ação dos policiais (Foto: João Laud/RBS TV)

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